
10 lugares para conhecer ou relembrar
a história de São Paulo
São Paulo completa 471 anos no próximo dia 25 com a maior cidade da América Latina. Repleta de contradições, comporta belos bairros planejados e favelas, modernos edifícios e casas de outros séculos, trânsito insano e uma floresta urbana. Onde quer que se olhe passado, presente e futuro se misturam no cotidiano caótico da metrópole e as marcas de sua história, ainda que não percebamos, estão por todos os cantos da cidade.
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Impossível abraçar em um post de poucas linhas a imensa e complexa história da cidade, que se ergueu e se reergueu tantas vezes ao redor daquele topo de colina que hoje chamamos de “centro histórico”. A meio caminho da Casa da Boia e da Praça da Sé, do alto da Rua Boa Vista, em uma modesta capela jesuíta, nasceu São Paulo, em 1554.
Sabendo não ser possível abordar todos os lugares que ajudam a compreender a história da metrópole, a gente, todavia, se arriscou a trazer uma lista de dez locais que preservam a memória da São Paulo deste e de outros séculos.
Claro que nessa cidade imensa, a história está em cada esquina, mas te convidamos a conhecer alguns locais, instituições e monumentos, uns mais famosos, outros nem tanto, que mostram que apesar da velocidade em que São Paulo se reinventa periodicamente, sua memória ainda se mantém viva para quem dispõe de um tempo na correria da capital.
Pátio do Colégio
Vamos começar do começo. Localizado na Rua Boa Vista, a 200 metros da Praça da Sé e 400 metros da Casa da Boia, o Pátio do Colégio foi o local onde os jesuítas ergueram uma pequena capela, um alojamento e um colégio para catequizar os indígenas dos campos de Piratininga (como era conhecida a região). Neste local, em 25 de janeiro de 1554, foi realizada a missa em celebração à conversão do apóstolo Paulo de Tarso ao cristianismo. Paulo viria a se tornar São Paulo, e a data é considerada como a de fundação da cidade.
Hoje o “Pateo do Collegio” possui três unidades: o complexo localizado no centro da Capital e dois no centro histórico de Embu das Artes (município da região metropolitana de São Paulo): o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas e as Oficinas Culturais Anchieta (Projeto OCA).
Nossa dica, aqui, é conhecer o Museu Anchieta, no centro da capital.
Inaugurado em 1979, com o objetivo de resgatar a memória e importância do local, tem como missão proporcionar reflexões acerca da fundação de São Paulo e sobre o papel dos jesuítas no cotidiano desses primeiros habitantes.
O edifício no qual está instalado é um memorial construído já no século XX, mas que preserva duas paredes remanescentes dos séculos XVI e XVII, além de um amplo acervo de arte sacra e religiosa que datam desde o século XVI até meados do século XX.
Com o auxílio de painéis, mapas, textos explicativos e maquete, os visitantes podem contextualizar histórica, geográfica e artisticamente a fundação da cidade bem como as transformações sofridas no local de 1554 até os nossos dias.
- Museu Anchieta
- Praça Pátio do Colégio, 02, Centro
- De terça a sábado, das 9h às 16h45
- Ingressos
- Inteira: R$ 20,00.
- Meia-entrada: R$ 10,00 (estudantes de escola particular, universitários e professores).
- Valor reduzido: R$ 5,00 (estudantes de escola pública de ensino fundamental e médio, idosos e aposentados);
- Isentos: crianças até sete anos e portadores de deficiência.
- Agendamento de visitas monitoradas para grupos: (11) 3105-6899, de terça a sexta-feira, das 9h00 às 16h30.
- https://www.pateodocollegio.com.br/
Museu Paulista (Museu do Ipiranga)
O Museu do Ipiranga é a sede do Museu Paulista na cidade de São Paulo, um museu especializado em história e cultura material que integra a Universidade de São Paulo.
O edifício em que hoje estão instaladas as exposições e espaços para atividades educativas e culturais foi projetado para ser um monumento em comemoração à Proclamação da Independência, ocorrida em 1822. O edifício foi construído entre 1885 e 1890. Em 1895, o recém-criado Museu do Estado (Museu Paulista) foi transferido para o monumento.
Foi assim que as histórias do Museu público mais antigo de São Paulo e do Monumento à Independência se misturaram e, desde então, ele ficou conhecido informalmente como Museu do Ipiranga.
Especializado na história da sociedade brasileira, com ênfase na cultura material, o museu possui um acervo de cerca de 30 mil itens, entre pinturas, fotografias e cartazes, além de 25 mil objetos e mobiliário.
Todo este vasto material ajuda a contar a história da sociedade paulista e brasileira desde o Século XVI. As fotos, documentos e objetos são disponibilizados ao público em exposições presenciais de longa e curta duração e também por meio de uma plataforma digital (https://acervoonline.mp.usp.br/).
- Museu Paulista
- Parque da Independência s/n – Ipiranga
- De terça a domingo, das 10 às 17h. Última entrada: 16h
- A bilheteria abre às 9h nos dias pagos e 10h nos dias de gratuidade (quarta-feira e primeiro domingo do mês)
- Ingressos digitais podem ser obtidos em: https://site.bileto.sympla.com.br/museudoipiranga/
- Os valores vão de 15,00 (meia entrada) a R$ 30,00
- Às quartas e no primeiro domingo do mês (dias de gratuidade do Museu), acontecem visitas mediadas em libras, às 15h, com ingressos a R$ 10,00 que devem ser retirados somente na bilheteria com, no mínimo, 15 minutos de antecedência.
- https://museudoipiranga.org.br
Obelisco de São Paulo
O Obelisco da cidade é um de seus mais famosos e menos conhecidos monumentos. Na verdade, seu nome oficial é “Mausoléu aos Heróis de 32”, que celebra a memória dos soldados paulistas que combateram as tropas federais na chamada Revolução Constitucionalista de 1932, quando São Paulo se levantou contra o governo federal de Getúlio Vargas.
Inaugurado em 9 de julho de 1955 é neste local que é celebrado há mais mais de cinco décadas, homenagens aos heróis daquela revolução em solenidades que contam até hoje com a participação dos últimos veteranos ainda vivos da revolução e dos familiares dos combatentes falecidos.
O complexo do Monumento funerário é formado por três partes: o Obelisco de 72 metros de altura, a parte mais visível e famosa, a praça elevada envoltória do Obelisco (Praça do Obelisco) e a cripta no pavimento inferior, onde ficam os columbários revestidos em mármore que guardam os restos mortais dos ex-combatentes.
Esta cripta é toda revestida em mármore, com câmaras separadas por pórticos em arcos que dão acesso aos columbários com os restos mortais dos heróis combatentes.
Três capelas com murais em mosaico veneziano compõe o local, que encerra também esculturas, como a do “Herói Jacente” sobre o túmulo sarcófago dos mártires da Revolução, os estudantes Martins, Mirgaia, Dráusio e Camargo, os primeiros mortos do conflito.
Textos esculpidos no mármore abordam os acontecimentos da época e no local, estão também os restos mortais de outros paulistanos relevantes para aquele movimento. É o caso do túmulo do poeta Guilherme de Almeida, jornalista, escritor, advogado e ex-combatente que recebeu a honraria de ser sepultado ali por seus textos e defesa dos ideais revolucionários. Guilherme de Almeida acabou conhecido como o “Poeta da Revolução de 32”.
- Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32
- Praça Ibrahim Nobre, s/n – Vila Mariana, (próximo ao portão 3 do Parque do Ibirapuera)
- Visitação gratuita de segunda-feira à domingo, das 10 às 16 horas (não necessita agendamento)
1º Batalhão de Polícia de Choque
Conhecido como Quartel da Luz, a edificação foi construída em 1891 pelo escritório de Ramos de Azevedo para abrigar o corpo de polícia. O terreno possui uma rede de túneis subterrâneos usados para ligações estratégicas com os quartéis vizinhos, o Presídio Tiradentes e a Estação da Luz. Em 1970, com a criação da Polícia Militar, o local passou a ser sede do 1º Batalhão de Polícia de Choque – Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), criado naquele mesmo ano.
As gerações mais novas provavelmente ignoram o fato de que no ano de 1924, a cidade de São Paulo vivia uma guerra, com todas as características de um conflito desta natureza.
Para falar do levante de 1924 é preciso recuar até 1922 e revisitar o surgimento do chamado movimento tenentista, uma ação político-militar que surgiu no início do século XX no Brasil por iniciativa de jovens oficiais militares (os tenentes) insatisfeitos com a falta de democracia e a corrupção na política, e que buscavam reformas políticas, participação popular, modernização econômica e a luta contra a corrupção.
São Paulo, ao contrário da capital federal (à época, o Rio de Janeiro), uma cidade em franco crescimento, tinha um contingente do exército menos “vigiado” do que no Rio, além de ser servida por ferrovias e estar próxima da Capital Federal.
Assim, os militares revoltosos do Exército iniciaram um movimento de rebelião que, para ser bem sucedido, precisava “neutralizar” as forças de segurança da cidade e o primeiro prédio a ser sitiado pelos revoltosos foi, justamente, o Quartel da Força Pública, o atual edifício da Rota. Capturado pelos revoltosos, passou a ser o quartel central da rebelião até a derrota dos revoltosos.
Embora funcione atualmente como sede do batalhão da Polícia Militar, o edifício, que é de 1891, foi projetado e construído por Ramos de Azevedo, pode ser visitado às sextas-feiras, sempre às 10h da manhã.
- Sede do 1º Batalhão da Polícia Militar
- Av. Tiradentes, 440 – Luz
- Para agendar a visita é preciso enviar um e-mail para visitarota@gmail.com até a quarta-feira anterior à data desejada, informando: Nome completo e RG dos visitantes.
Casa do Bandeirante
A Casa do Bandeirante representa um dos exemplares típicos das habitações rurais paulistas construídas entre os séculos XVII e XVIII na então vasta área periférica ao núcleo urbano primitivo, localizadas predominantemente junto à bacia dos rios Tietê e Pinheiros.
Neste conjunto remanescente hoje incrustado em pleno bairro do Butantã, identificado como de interesse histórico a partir da década de 30, em princípio por Mario de Andrade, esta casa representa um raro exemplar de edificação que acompanha as mudanças da cidade de São Paulo desde os primeiros séculos da colonização portuguesa, evidenciando em suas paredes a memória dos processos construtivos da arquitetura colonial paulista, em especial da taipa de pilão.
Em 1953, a Comissão do IV Centenário de São Paulo tornou-se responsável pela casa, promovendo sua restauração, realizada pelo arquiteto Luis Saia e nela instalando, a partir de 30 de outubro de 1955, um museu evocativo da época das bandeiras, com acervo próprio, a partir do recolhimento de móveis, utensílios e outros objetos históricos no interior de São Paulo, Minas Gerais e Vale do Paraíba.
Hoje ela pertence ao acervo do Museu da Cidade de São Paulo e junto com o Sítio da Ressaca, representam a memória do tempo em que a cidade era mero caminho entre o litoral e o interior do estado.
- Casa do Bandeirante
- Praça Monteiro Lobato, s/n – Butantã
- Terça a domingo, das 9h às 17h
- Visitas educativas podem ser feitas sem necessidade de agendamento. Grupos precisam enviar previamente um email para educativomuseudacidade@gmail.com
Instituto Butantan
Em 1899, um surto de peste bubônica, que se propagava a partir do porto de Santos, levou a administração pública estadual a criar um laboratório de produção de soro antipestoso (que combate a peste), vinculado ao Instituto Bacteriológico (atual Instituto Adolpho Lutz). Esse laboratório foi instalado na Fazenda Butantan, na zona Oeste da cidade de São Paulo, e, em 23 de fevereiro de 1901, foi reconhecido como instituição autônoma sob a denominação de Instituto Serumtherápico.
Em seus anos iniciais, sob a direção do médico sanitarista Vital Brazil, o Butantan foi pioneiro mundial nos estudos de doenças tropicais e na pesquisa e desenvolvimento de vacinas contra a picada de serpentes.
A produção científica do instituto foi de tamanha qualidade que, em 1925 a revista norte americana Time dedicou a matéria principal de uma de suas edições ao Instituto Butantan, trazendo uma ilustração de Vital Brazil em sua capa.
Atualmente, ainda líder em pesquisa científica de alta qualidade, o Instituto integra o “Butantan Parque da Ciência”, um complexo vinculado ao Centro de Desenvolvimento Cultural do Instituto Butantan, criado em 2019.
Inserido em uma área verde de aproximadamente 725 mil metros quadrados, o Parque abriga o Museu Biológico, Museu de Microbiologia, Museu da Vacina, Espaço Terra Firme de Exposições, Museu Histórico e Museu de Saúde Pública Emílio Ribas (este último localizado no bairro Bom Retiro).
Tem ainda os viveiros de serpentes, macacos e répteis, além dos edifícios históricos do início do Séc. XX.
- Parque Butantan
- Avenida Vital Brasil, 1500
- Ingressos entre R$ 5,00 e 20,00 reais, dependendo do tipo de visitação.
- As informações completas e a venda de ingressos são feitos por meio do link: https://parquedaciencia.butantan.gov.br/bilheteria
Palácio dos Bandeirantes
Sede do governo estadual paulista, o Palácio dos Bandeirantes foi originalmente construído para sediar a Universidade Comercial Conde Francisco Matarazzo, projeto que não chegou a ser finalizado.
O governo de São Paulo adquiriu o edifício em 1964 e no ano seguinte passou a administração estadual para o local, designado agora como Palácio dos Bandeirantes, em referência aos desbravadores do período colonial brasileiro.
O Palácio conta com coleções de arte de representativos períodos históricos e artísticos da cultura nacional, provenientes tanto do Palácio dos Campos Elíseos, antiga sede do Governo, como complementadas com novas aquisições desde sua inauguração.
Atualmente, as exposições temporárias no palácio apresentam o acervo em diálogo com a arte contemporânea, dentro da política de ampliação das coleções.
- Palácio dos Bandeirantes
- Av. Morumbi, 4500 – Morumbi
- Visitação de segunda à sexta-feira, das 10h às 16h.
- Sábados, somente para grupos acima de 10 pessoas, às 10h ou às 14h.
- O agendamento prévio é necessário para todas as visitas e pode ser realizado por meio do e-mail: monitoria@sp.gov.br.
- https://www.acervo.sp.gov.br/palBandeirantes.html
Museu do Tribunal de Justiça
Quem quiser conhecer melhor a história do ordenamento jurídico da cidade e do Estado de São Paulo, pode visitar o pouco conhecido Museu do Tribunal de Justiça.
O acervo do Museu é múltiplo e variado, sendo composto, dentre outros, por objetos, móveis de estilo, processos e documentos de interesse histórico, vestimentas, quadros histórico artísticos e bens arquitetônicos do judiciário paulista.
- Museu do Tribunal de Justiça
- Rua Conde de Sarzedas, 100 – “Palacete Conde de Sarzedas”, Sé.
- Visitas monitoradas ao Museu no Palacete Conde de Sarzedas, com apresentação de vídeo institucional e interação com o público, ocorrem de segunda a sexta-feira em dois horários: às 13h e às 16h, mas o museu permanece aberto para quem quiser realizar uma visita autoguiada das 13h às 17h.
- Para visitas individuais ou de pequenos grupos de até 10 pessoas, basta comparecer diretamente no Palacete Conde de Sarzedas – sede do Museu do TJSP, de segunda a sexta-feira, das 13 às 17 horas.
- Informações: museutj@tjsp.jus.br (11) 4635-9729.
Capela do Morumbi
Na década de 1940, a Cia. Imobiliária Morumby efetivou o loteamento de suas últimas glebas à venda, resultantes do desmembramento da Fazenda Morumby. Fazia parte deste loteamento a antiga casa-sede da fazenda (que hoje abriga um espaço de eventos) e, em sua proximidade, uma edificação em ruínas de taipa de pilão.
Visando atrair compradores e valorizar ainda mais os seus terrenos, a Cia. Imobiliária Morumby contratou o escritório do arquiteto Gregori Warchavchik (1896 – 1972) para fazer a reconstrução das ruínas de taipa de pilão.
Alinhado à linha historiográfica que considerava o local como remanescente de uma antiga capela, Warchavchik completou a edificação com alvenaria de tijolos. Convidou a pintora Lúcia Suanê para representar em afresco a cena do batismo de Cristo e os anjos com fisionomias de índios, nas paredes do batistério.
A Cia. Imobiliária Morumby transferiu para o município parte dos terrenos remanescentes do loteamento que havia feito, em 1975 e, junto com eles, a Capela. A partir de então, o imóvel passou à responsabilidade direta do Departamento do Patrimônio Histórico como bem arquitetônico e cultural, sob os cuidados da recém-criada Secretaria Municipal de Cultura.
Em 1979 o imóvel foi submetido a obras de revitalização e adaptação, e foi aberto à visitação pública em 25 de janeiro de 1980.
Se a criação da Capela foi inspirada na desconstrução e ressignificação de um bem de origem controversa, o imóvel captou os elementos, acontecimentos e transformações que ocorreram no Brasil, naquele período, representando um testemunho material da história da região, hoje um dos bairros nobres da zona oeste do município.
- Capela do Morumbi
- Avenida Morumbi, 5387, Morumbi
- Terça a domingo | das 09h às 17h
- Visitas podem ser feitas sem necessidade de agendamento.Grupos devem encaminhar um email com detalhes da visitação para: educativomuseudacidade@gmail.com
Sítio da Ressaca
A Casa do Sítio da Ressaca, como hoje é conhecida, foi sede de um sítio localizado nas proximidades do antigo caminho de Santo Amaro, que era banhado pelo córrego do Barreiro, também chamado Fagundes e Ressaca, na região do bairro do Jabaquara.
Situada à meia encosta de uma colina, a Casa data, provavelmente, de 1719, ano inscrito na verga de sua porta principal. Algumas de suas telhas são ainda originais e trazem inscrições do século 18, como a data de fabricação e o nome do oleiro. As portas e batentes, em canela preta, também são originais, bem como suas paredes em taipa de pilão.
As paredes internas são originalmente de pau-a-pique. Introduzida pelos portugueses, essa técnica de origem árabe foi amplamente utilizada pelos paulistas que, devido ao seu isolamento geográfico, dependiam essencialmente do barro como recurso para construção.
A Casa do Sítio da Ressaca possui algumas peculiaridades em relação aos demais exemplares de casas bandeiristas existentes na cidade: a assimetria de sua planta, um único alpendre não centralizado na fachada principal e o telhado de duas águas.
Seu último proprietário, Antonio Cantarella, responsável pela urbanização do bairro do Jabaquara, transformou o sítio em chácara, realizando seu loteamento em 1969.
Assim como a Casa do Bandeirante, a do Sítio da Ressaca, localizada em uma antiga região de quilombos, origem do bairro do Jabaquara, é uma das poucas remanescentes da época dos Bandeirantes, no Século XVIII, que restam na capital.
- Casa do Sítio da Ressaca
- Rua Nadra Raffoul Mokodsi, 3 – Jabaquara
- Terça a domingo | das 09h às 17h
- Visitas podem ser feitas sem necessidade de agendamento.Grupos devem encaminhar um email com detalhes da visitação para: educativomuseudacidade@gmail.com
Capela de São Miguel Arcanjo
É o templo religioso mais antigo entre os existentes na cidade de São Paulo. À primeira vista esta singela igreja localizada no bairro de São Miguel Paulista não revela a dimensão histórica, artística e cultural, tanto para a comunidade de seu entorno, quanto para a cidade e mesmo para o povo brasileiro.
Fundada em 1560 pelo Padre José de Anchieta, com o intuito de evangelizar os índios guaianazes recém estabelecidos na região, a Capela de São Miguel Arcanjo – ou Capela dos Índios , como é chamada pelos moradores do entorno – é um marco da colonização local, da chegada dos jesuítas e da presença da Igreja Católica no Brasil.
Posteriormente demolida e reconstruída em 1622 por um carpinteiro espanhol e com o auxílio de mãos indígenas, a Capela tornou-se um dos primeiros bens tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), há 80 anos. O IPHAN também foi responsável, em 1940, pelas primeiras obras de restauração da igreja, que passou por diversos reparos nos últimos 400 anos, tornando-a um dos raros exemplares do século 17 a manter suas características praticamente intactas,
O último restauro, realizado de 2006 a 2010 pela Diocese de São Miguel Paulista e pela Associação Cultural Beato José de Anchieta (ACBJA), revelou e recuperou vários elementos artísticos e ornamentos que até então estavam escondidos ou deteriorados pelo tempo como as pinturas murais feitas em taipa de pilão, encontradas atrás dos altares laterais da nave principal, exemplares únicos da arte jesuítica e do período colonial paulista e sem precedentes nesse estado de conservação.
O Museu, mantido pela Capela de São Miguel Arcanjo, oferece ao visitante uma imersão artístico-cultural em sua própria história, permitindo que ele reconheça a edificação como uma legítima herança da arte, cultura e religião paulista, sem descaracterizar sua secular e ainda atual função de templo dedicado à espiritualidade cristã.
Um dos dois únicos bens desta lista que não pertencem ou são geridos pelo poder público (sua gestão é da Cúria Metropolitana), a capela mantém sua função de templo católico, com celebrações como qualquer igreja.
- Capela de São Miguel Arcanjo
- Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra 10, São Miguel Paulista
- Sábados, das 10h às 12h e das 13h às 16h.
- Visitas monitoradas para grupos (mediante agendamento): quinta e sexta, das 10h às 12h e das 13h às 16h.
- contato@capelasaomiguel.org.br (11) 2032-4160
Casa da Boia Metais e Hidráulica
Fundada em 1898 pelo imigrante Sírio Rizkallah Jorge Tahan, a Casa da Boia logo tornou-se a principal fabricante de objetos de decoração e material hidráulico da cidade de São Paulo, ao final do Séc. XIX e XX, tendo participado, naquele momento, da urbanização da cidade, ao fornecer material hidráulico para o poder público e para os munícipes diretamente.
No ano de 1909 Rizkallah Jorge, que a essa altura, já com sua esposa Zékie, ampliara a família tendo em São Paulo seus três filhos brasileiros, constrói para conforto de todos, um belo sobrado em estílo eclético, na rua Florêncio de Abreu, 123.
Passaram-se os anos e as gerações seguintes deram continuidade ao negócio criado por Rizkallah. Seus filhos ampliaram ainda mais o horizonte dos negócios, mas, como era comum à época, pouca atenção deram à preservação do imóvel.
Mario Roberto Rizkallah, terceira geração da família, neto do fundador, foi quem, no ano de 1997 promoveu a primeira grande restauração da fachada, com técnicas que recuperaram as características originais do imóvel em suas salas, fachada, e no ambiente da loja.
Neste momento, o imóvel já era tombado pela municipalidade (o que ocorrera em 1992). Com a restauração de 1998 (que comemorou os 100 anos da empresa), a Casa da Boia instala nas salas restauradas uma mostra histórica de documentos e fotos antigas.
A partir de 2014, com a entrada no negócio da artista plástica Adriana Rizkallah (esposa de Mario Rizkallah), começa o movimento que viria a ser consolidado como “Casa da Boia Cultural”, uma gestão de atividades relacionadas à preservação e difusão de sua própria memória histórica.
A partir da compilação, identificação e catalogação de uma vasta documentação de propriedade da própria empresa e da família Rizkallah e com a abertura da gestão à atividades de cunho cultural e histórico, a Casa da Boia passa a organizar palestras, workshops, exposições e inicia um programa de visitas guiadas.
Detentora de inúmeros títulos e diplomas de honra ao mérito pela qualidade de seus produtos a Casa da Boia foi reconhecida, em 2016, como um dos estabelecimentos de Valor Cultural para a cidade, tendo recebido o “Selo Valor Cultural” da prefeitura da capital.
Esta história, a história do fundador Rizkallah Jorge, de sua influência na capital paulista e diversos aspectos que abordam a relação da Casa da Boia com a cultura, a arquitetura e a formação urbana de São Paulo são mensalmente temas abordados em visitas guiadas pelo imóvel histórico pelos historiadores Renata Geraissati e Diógenes Sousa.
- Casa da Boia
- Rua Florêncio de Abreu, 123, Centro, SP
- Visitas monitoradas à Casa da Boia
- Toda última quinta-feira de cada mês, em dois horários:
- Das 10h30 às 12h30 e das 14h às 16h
- Agendamento por meio do site: https://casadaboia.com.br/cultural/visitas-monitoradas/
- www.casadaboia.com.br/cultural cultural@casadaboia.com.br
- (11) 3312-6255