Um giro pelos
Telhados de cobre ao redor do mundo
Todos já ouviram em algum momento a expressão “telhado de vidro”, que significa que, embora belo, a cobertura feita deste material, deixa quem está sob este teto vulnerável, pois é um material frágil.
Bem, podemos apostar que jamais alguém ouviu a expressão “telhado de cobre” como uma metáfora de algo frágil. Ao contrário, um telhado de cobre é algo feito para durar. E muito.
Você pode até não ter se dado conta da versatilidade deste metal como elemento arquitetônico, já que o cobre é mais identificado com as instalações hidráulicas. Tubos de cobre são o melhor material para uso nas instalações de gás predial, nas instalações de ar condicionado e nas de água quente. Tudo isso escondidinho atrás das paredes.
Mas, tem um outro lugar nas edificações em que o cobre não é coadjuvante dos projetos arquitetônicos. Ao contrário, é a escolha principal quando se fala em durabilidade, fácil manutenção e uma beleza ímpar e, engana-se, quem pode estar pensando ser esta uma tendência de design e arquitetura moderna.
Uma das mais antigas formas de cobertura
Convenhamos que as cavernas não precisavam de telhado, mas, quando a humanidade se entendeu capaz de construir as suas habitações, evoluiu echegou ao metal. E o cobre é a mais antiga forma de cobertura metálica criada pelo homem.
Por volta de aproximadamente 300 a.C., telhados de cobre foram instalados no Templo Lovamahapaya do Sri Lanka, também conhecido como Templo do Buda Mahamuni. Por volta de 27 a.C., os romanos usaram coberturas metálicas de cobre para cobrir nada menos do que o Panteão.
As igrejas medievais europeias mais antigas, por volta do século XIV, também utilizavam telhados de cobre. A Catedral de Santa Maria, em Hildesheim, na Alemanha, tem um sistema de telhado de metal de cobre que foi instalado no ano de 1280, no Séc. XIII. Sim, você leu “tem” e não “tinha”, porque mais de 700 anos depois o telhado está lá, firme e forte!
O castelo de Kronborg, na Dinamarca, um dos castelos mais notórios da Europa da era renascentista, tem um sistema de telhado de cobre instalado em 1585. Está certo que ele precisou de uma reforma geral em 2009, depois de 424 anos… um tempinho razoável até, né?
Segundo a revista Metal Roofing Magazine, em matéria publicada, em janeiro de 2002, testes feitos nessas catedrais europeias no início dos anos 2000 atestavam as plenas condições de instalações de cobre feitas na era medieval, apontando que, em teoria, o cobre nos telhados poderia durar mais de 1.000 anos!
Um “giro” pelas construções, principalmente na Europa, durante a idade média, mas também em outros continentes, após a era das descobertas, mostra que o cobre era a cobertura metálica preferida das edificações e tem até palácio mais conhecido por esta característica do que por seu nome original.
O “Copper Roof Palace”, em Varsóvia, na Polônia, é parte do complexo do Castelo Real, hoje um museu nacional, que abrigou a monarquia polonesa.
Ainda que não tenham o cobre em seu nome oficial, outras edificações européias se destacam quando falamos no telhado de cobre, como o Palácio Belvedere, em Viena, construído em 1716 e a Catedral de Berlim, já do fim do Séc. XVIII.
Os telhados de cobre chegam à América e ganham o mundo
Não menos famosos do que os edifícios europeus, mas, logicamente, mais novos, edifícios icônicos nos Estados Unidos e no mundo também se utilizaram da cobertura de cobre.
O Macon City Auditorium é um dos mais impressionantes. Usado como um centro de convenções, na cidade de Macon, Georgia, é reivindicado pelos cidadãos locais como o edifício com o maior domo de cobre do mundo. Embora não haja comprovação disso, o fato é que debaixo do domo de cobre está um auditório com capacidade para quase 3.000 pessoas sentadas, que ocupa uma área de 1.300 m2.
O Wales Millenium Centre, em Cardiff, no Reino Unido, um centro cultural que abriga teatro, salas expositivas e auditórios, utilizou-se de placas de aço revestidas de cobre para criar um visual impressionante em sua arquitetura arrojada.
Em Helsinki, Finlândia, fica outra icônica construção, a Igreja Temppeliaukio, também conhecida como “Igreja da rocha”. Isso porque ela foi escavada diretamente nas rochas da cidade, que compõem as paredes da nave principal. Sobre ela um enorme domo em cobre.
Outra edificação com impressionante domo de cobre é a Rotunda, na Universidade da Virgínia.
Projetada por Thomas Jefferson, foi inspirada no Panteão de Roma, com um grande telhado de cobre abobadado de 23 metros de altura.
E não dá para terminar este pequeno giro pelas construções icônicas de cobre sem falar, talvez, da mais famosa delas. A estátua de Liberdade.
Projetada pelo escultor francês Frédéric Auguste Bartholdi, que se baseou no Colosso de Rodes para edificá-la, foi construída por Gustave Eiffel e inaugurada em 28 de outubro de 1886.
A estátua foi fundida em aço e tem nada menos do que 28 toneladas de cobre em seu acabamento. Montada em solo francês, ficou pronta em 1884, sendo então desmontada e enviada para os Estados Unidos em navios, para ser, por fim, remontada em seu lugar definitivo.
Em São Paulo dois ícones da arquitetura usam o cobre
Uma destas construções é antiga conhecida dos paulistanos. Localizada a poucos minutos a pé da Casa da Boia está a Catedral da Sé.
Projetada e inicialmente construída por Maximilian Hell, entre 1913 e 1916, ano em que Hell falece, a obra sofreu inúmeros percalços nas décadas seguintes e só foi concluída no quarto centenário da cidade, em 1954.
De dimensões realmente impressionantes, a Catedral da Sé usa o cobre na cobertura de suas duas torres laterais (de 92 m de altura cada) e no impressionante domo de 65 metros de altura, embaixo do qual a catedral comporta nada menos do que até 8.000 pessoas.
Outro símbolo da capital paulista que tem o cobre como protagonista em sua arquitetura arrojada é o Hotel Unique.
Projeto do escritório do arquiteto Ruy Ohtake, o edifício tem a forma de um semicírculo, de 100 m de comprimento e tem em suas empenas acabamento de placas de cobre que lhe conferem um aspecto, ao mesmo tempo característico e único.
De produto a elemento condutor da história
Como todos já devem saber a Casa da Boia nasceu sob a influência do cobre e pelo cobre conquistou seu mercado, conduzida, inicialmente, por Rizkallah Jorge. Posteriormente seus filhos e netos deram segmento aos negócios de venda deste metal em suas várias formas. Chapas, fios, barras, bobinas, etc.
Ao longo da existência dos quase 125 anos da Casa da Boia ele sempre foi “um produto”.
Foi a partir da entrada no negócio da atual diretora de projetos Adriana Rizkallah, em 2014, que o metal passou a ter uma significação especial em todo o projeto de loja.
Artista plástica de formação, Adriana enxergou no tubo de cobre algo que então era apenas visto como produto. Viu possibilidades de explorar o elemento na ambientação da loja.
Assim, ao trazer o tubo, as conexões, os fios, tudo transformado em mobiliário, mostruários, elementos expositivos e funcionais, fez ressignignificar o cobre na Casa da Boia.
Quem entra hoje em nossa loja, pode perceber a unidade que este projeto trouxe à ambientação e o quanto de significado, encerra esse metal para a passado, o presente e o futuro da Casa da Boia.