Referências da Proclamação da República
pela cidade de São Paulo
O feriado de 15 de novembro marca uma data emblemática para os brasileiros, o dia exato em que, no ano de 1889, um golpe político-militar destituiu o então imperador Dom Pedro II, enterrando de vez, após quase 400 anos, o governo monárquico em nosso território.
Após a Guerra do Paraguai, a partir da década de 1870, foi tomando corpo a ideia de alterar o regime político vigente e alguns fatores influenciam nisso: o imperador D. Pedro II tinha apenas duas filhas. O trono seria ocupado, após a sua morte, por sua filha mais velha, a princesa Isabel, casada com Gastão de Orléans, Conde d’Eu, francês, o que gerava o receio em parte da população de que o país fosse governado por um estrangeiro.
O fato de os negros terem ajudado o exército na Guerra do Paraguai e, quando retornaram ao país, permaneceram como escravos, ou seja, não ganharam a alforria, também pesava sobre o imperador.
Além disso, a elite civil e militar estava descontente com os privilégios da monarquia, casos de corrupção e favorecimentos que pressionaram D. Pedro II.
em 1889, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, do Partido Liberal, então Presidente do Conselho de Ministros do Império, percebendo a difícil situação política em que o império se encontrava, apresentou à Câmara-Geral, (câmara dos deputados), um programa de reformas políticas do qual constavam, entre outras, medidas para dar maior autonomia administrativa para as províncias, liberdade de voto, liberdade de ensino, redução das prerrogativas do Conselho de Estado e mandatos não vitalícios para o Senado Federal, todas vetadas pela maioria dos deputados de tendência conservadora que controlavam a Câmara Geral.
Por sua vez, os militares do Exército Brasileiro estavam sujeitos às ordens do imperador e do Gabinete de Ministros, formado por civis, que se sobrepunham às ordens dos generais. Crescia na esfera militar e em boa parte da elite civil os ideais republicanos.
Uma “Fake News” antecipou a república
No Rio de Janeiro, os republicanos insistiram que o Marechal Deodoro da Fonseca, um monarquista, chefiasse o movimento revolucionário, com o que concordou, após alguma relutância. O golpe militar, que estava previsto para 20 de novembro, teve de ser antecipado. No dia 14, um boato começou a circular, dizendo que o governo havia mandado prender Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Deodoro da Fonseca. Era apenas um boato, mas foi suficiente para antecipar o golpe de estado.
Convencido de que seria preso, Deodoro saiu de sua residência ao amanhecer do dia 15 de novembro, conclamando os soldados do batalhão a se rebelarem contra o governo. Ofereceram um cavalo ao marechal, que nele montou, e, segundo testemunhos, tirou o chapéu e proclamou “Viva a República!”. Depois apeou, atravessou novamente o parque e voltou para a sua residência.
Os revoltosos ocuparam o quartel-general do Rio de Janeiro e depois o Ministério da Guerra. Depuseram o Gabinete ministerial e prenderam seu presidente, Afonso Celso, que bem que tentou resistir apelando para o responsável pela segurança do Paço Imperial, general Floriano Peixoto, que enfrentasse os amotinados. Floriano Peixoto não apenas se recusou a defender o Paço, mas também aderindo ao movimento republicano, deu voz de prisão ao chefe de governo.
O único ferido no episódio da proclamação da República foi o Barão de Ladário, que resistiu à ordem de prisão dada pelos amotinados e levou um tiro.
Na tarde do mesmo dia 15 de novembro, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi solenemente proclamada a República. À noite, na Câmara Municipal do Município Neutro, (o Rio de Janeiro), José do Patrocínio redigiu a proclamação oficial da República dos Estados Unidos do Brasil, aprovada sem votação. O texto foi para as gráficas de jornais que apoiavam a causa, e, só no dia seguinte, 16 de novembro, foi anunciado ao povo a mudança do regime político do Brasil.
As referências à proclamação da República pela cidade de São Paulo
No breve resumo dos acontecimentos da Proclamação da República, alguns nomes citados são conhecidos dos paulistanos. Senão por sua participação no movimento, ao menos pelos que trafegam ou caminham por locais da capital paulistana.
Rua Afonso Celso – Importante via da Vila Mariana, faz menção ao último Presidente do Conselho de Ministros do Império, assim como a rua Visconde de Ouro Preto, no bairro da Consolação.
Praça Marechal Deodoro – A praça que faz menção ao protagonista da Proclamação da República, fica ainda na região central da cidade, na confluência de importantes avenidas, como o Elevado João Goulart, a Avenida São João, Rua das Palmeiras e Angélica.
Rua Barão de Ladário – Localizada no “miolo” do Brás é uma das principais ruas de artigos de comércio popular da capital.
Rua José do Patrocínio – Localizada na Aclimação, reverencia o autor do texto oficial da Proclamação.
Rua Rui Barbosa: localizada no bairro da Bela Vista homenageia um dos principais pensadores e defensores da República. Político, advogado, jornalista, Barbosa usava sua influência na imprensa para propagar as ideias republicanas. Em 15 de novembro de 1889, redigiu o primeiro decreto do governo provisório e foi nomeado ministro da Fazenda, no governo de Deodoro da Fonseca.
Rua Benjamin Constant – Perto da Casa da Boia e saindo da Praça da Sé a rua homenageia o pensador positivista que influenciou o período com ideias republicanas. Foi fundador do Clube Militar com Deodoro da Fonseca e um dos intelectuais do movimento.
Rua Quintino Bocaiúva – Também no centro histórico, pertinho da Casa da Boia, a rua faz menção ao único civil a cavalgar, ao lado de Benjamin Constant e do Marechal Deodoro da Fonseca, com as tropas que se dirigiram ao quartel-general do Exército brasileiro, na manhã de 15 de novembro. foi o primeiro ministro das relações exteriores da República, de 1889 a 1891.
Rua 15 de Novembro – Outra rua a poucos metros da Casa da Boia, a referência à 15 de novembro é óbvia, mas a via é mais antiga do que isso. Ela teve sua origem como uma ligação entre o Pátio do Colégio e o Largo de São Bento, no início da urbanização da cidade. Já se chamou Rua de Manuel Paes Linhares, Rua do Rosário, Rua da Imperatriz e ganhando seu nome atual após a Proclamação da República.
Praça da República – Conhecida antigamente como Largo dos Curros, era ali que os paulistanos do século XIX assistiam a rodeios e touradas. Posteriormente, foi chamada de Largo da Palha, Praça das Milícias e Largo 7 de Abril. Com a Proclamação da República, em 1889, a praça passou a se chamar 15 de Novembro e, finalmente, Praça da República.