Conheça o
Museu da Cidade de São Paulo
Você sabe que a Casa da Boia mantém em seu imóvel histórico uma área de mostra permanente de documentos, fotografias e objetos sobre sua própria história a história de seus fundadores né? Este espaço pode ser visitado periodicamente e a visita é acompanhada pelos historiadores Renata Geraissati e Diógenes Sousa, que ajudam os visitantes a compreender os contextos históricos do final do Séc. XIX e XX, quando nosso fundador, Rizkallah Jorge Tahan, chegou ao Brasil, fundou a Casa da Boia e esta conquistou grande importância para a São Paulo do período.
E claro que opções em museus e casas culturais em São Paulo não faltam, só aqui pertinho da Casa da Boia a gente em várias opções, como o Farol Santander, o Centro Cultural Banco do Brasil, o Centro Cultural dos Correios… mas, você já ouviu falar do Museu da Cidade de São Paulo?
Esta instituição, ligada ao Departamento dos Museus Municipais da Secretaria Municipal da Cultura, tem uma proposta bastante diferenciada. Como explica o próprio site do Museu, são atribuições próprias do Museu da Cidade de São Paulo promover a reflexão contínua das dinâmicas de construção da cidade física e simbólica, retratar sua diversidade cultural e registrar a memória de sua população.
Nessa perspectiva, para além do seu acervo institucional (intramuros), a própria cidade é tratada como acervo operacional (extramuros). Enquanto o primeiro faz referência à cidade, o segundo, mais rico e complexo, possibilita o entendimento da cidade a partir de suas mais diferentes formas.
O legal é que sob o “guarda-chuva” do Museu, está um acervo arquitetônico composto por por uma rede de casas históricas, construídas entre os séculos 17 ao 20 e distribuídas nas várias regiões da cidade que representam remanescentes da ocupação da área rural e urbana da Cidade de São Paulo.
Ou seja, dá para montar um roteiro de visitação praticamente por todos os cantos da 5ª cidade mais populosa do mundo e a maior cidade da América do Sul.
Partindo dos pontos mais distantes do centro, conheça alguns imóveis históricos da cidade que estão sob responsabilidade do Museu da Cidade de São Paulo:
Na década de 1940, a Cia. Imobiliária Morumby efetivou o loteamento de suas últimas glebas. Fazia parte deste loteamento a antiga casa-sede da fazenda e, em sua proximidade, uma edificação em ruínas de taipa de pilão.
São várias as interpretações históricas atribuídas a estas ruínas: ora como sendo uma capela consagrada a São Sebastião dos Escravos, ora como capela acompanhada de sepulturas destinada aos proprietários da fazenda. Outros estudiosos acreditam ainda que tenham sido apenas ruínas de um paiol. A ausência de documentação mais detalhada não permite afirmar com segurança qual dessas hipóteses é a mais correta.
Visando atrair compradores e valorizar ainda mais os terrenos, a Cia. Imobiliária Morumby contratou o escritório do arquiteto Gregori Warchavchik (1896 – 1972) para fazer a reconstrução das ruínas de taipa de pilão. Interpretando-as como remanescentes de uma antiga capela, Warchavchik completou a edificação com alvenaria de tijolos. Convidou a pintora Lúcia Suanê que, em afresco, representou a cena do batismo de Cristo e os anjos com fisionomias de índios, nas paredes do batistério.
A Capela do Morumbi ficou fechada até por volta de 1975 e continuou sendo propriedade da Cia. Imobiliária Morumby.
Em 1979 o imóvel foi submetido a obras de revitalização e adaptação. Sua nave central foi convertida em sala de espetáculos para a realização de atividades culturais de pequeno porte. Foi aberta à visitação pública em 25 de janeiro de 1980.
Avenida Morumbi, 5.387 – Morumbi
Próximo à Capela do Morumbi fica a Casa do Sertanista, cuja construção, remonta, de acordo com estudos realizados pelo arquiteto Luis Saia, a meados do século 17.
Segundo pesquisas sobre a origem desta casa, o Padre Belquior de Pontes teria sido o primeiro morador de que se tem notícia. Sabe-se, entretanto, que no final do século 19 pertenceu à família Beu, sendo posteriormente transferida à família Penteado que acabou por vendê-la à Cia. City de Melhoramentos. Esta, por sua vez, doou o imóvel à municipalidade em 1958 que passou a recuperá-lo em 1966. Em 1970. Concluídas as obras de restauração, foi instalado ali o “Museu do Sertanista”, voltado essencialmente para a cultura indígena.
Até 1987, realizaram-se várias exposições e mostras com o acervo indígena que lá ficava. Neste ano a casa foi fechada por necessidade de obras de conservação, interrompendo-se assim as atividades museológicas até então desenvolvidas.
Em 1989, por meio de um decreto de permissão de uso, esta casa histórica passou a abrigar o Núcleo de Cultura Indígena da União das Nações Indígenas, instalando-se então, a Embaixada dos Povos da Floresta.
Com a saída do Núcleo de Cultura Indígena em 1993, a casa passou por novas obras de conservação e restauro sendo ocupada pelo Museu do Folclore “Rossini Tavares de Lima” de 2000 até 2007. Esteve em restauro de 2008 a 2012, quando reabriu com a exposição “A Casa das Fontes”, da artista Sandra Cinto.
Sítio Morrinhos
O Sítio Morrinhos é um conjunto arquitetônico composto pela casa-sede, construída no início do século 18, por diversas construções anexas datadas da segunda metade do século 19 e outras do início do século 20. Todo o conjunto está implantado no centro de uma extensa área verde, formada por árvores frutíferas e ornamentais.
Na verga da porta principal da casa sede encontra-se a inscrição “1702”, provavelmente a data de sua construção. Originalmente, foi uma residência rural servindo como sede de sítio, propriedade da família Baruel.
Em 1902, toda a área foi levada a leilão e arrematada pela Associação Pedagógica Paulista, como representante do Mosteiro de São Bento. A partir de então, o conjunto arquitetônico foi utilizado como chácara de descanso de seus membros nos finais de semana. Em 1952, o Mosteiro de São Bento faz um acordo com a firma Camargo Correa S.A. para a realização do loteamento da região que deu origem ao atual bairro Jardim São Bento.
A partir desse acordo, Sebastião Ferraz de Camargo passou a ser o proprietário do lote onde se encontra esse conjunto e, em 1952, doou o imóvel para a Prefeitura do Município de São Paulo.
Rua Santo Anselmo, 102 – Jd. São Bento
Casa do Tatuapé
A Casa do Tatuapé é uma construção em taipa de pilão, com seis cômodos e dois sótãos, que se diferencia de outros exemplares remanescentes do período colonial por apresentar telhado de apenas “duas águas”. Um documento de 1698 confirma a construção do imóvel em um terreno que pertencia ao padre Matheus Nunes de Siqueira. Passou por inúmeros donos e funções e no final da década de 1970 foi adquirida pela Prefeitura de São Paulo.
Entre 1979 e 1980, sob responsabilidade do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), por meio de um projeto realizado em conjunto com o Museu Paulista da USP, foram realizadas pesquisas arqueológicas e, em um segundo momento, o imóvel passou por obras de restauro.
Em 1981 a Casa do Tatuapé foi aberta à visitação pública e uma década depois passou por novas obras de preservação. Em 1992, a Casa do Tatuapé foi reaberta à população, abrigando atividades sócio-culturais.
Rua Guabiju, 49
Casa do Bandeirante
A Casa do Bandeirante representa um dos exemplares típicos das habitações rurais paulistas construídas entre os séculos 17 e 18 em vasta área periférica ao núcleo urbano primitivo, localizadas predominantemente junto à bacia de dois rios: o Tietê e o seu afluente Pinheiros.
Neste conjunto remanescente, identificado a partir da década de 30 em princípio por Mario de Andrade e depois por Luis Saia, esta casa representa um raro exemplar de edificação que acompanha as mudanças da cidade de São Paulo desde os primeiros séculos da colonização portuguesa, evidenciando em seu partido arquitetônico e em suas paredes a memória dos processos construtivos da arquitetura colonial paulista, em especial da taipa de pilão.
Em 1602 há registros dessa propriedade como pertencente a Afonso Sardinha, com o nome de Ubatatá, termo tupi que significa “terra dura”. Posteriormente foi feita a doação de seus bens à Capela de Nossa Senhora das Graças da ordem dos jesuítas.
Com a expulsão dos jesuítas em 1759, a área foi a leilão e pertenceu a vários proprietários, tendo sido adquirida por Eugênio Vieira de Medeiros em 1875, sendo conhecida na época com o nome de “Rio Abaixo dos Pinheiros”. A Cia. City de São Paulo comprou o imóvel em 1912 e doou à municipalidade, em 1944, a área que incluía a edificação conhecida então como a “Casa Velha do Butantã”. Após a doação o imóvel permaneceu sem definição de uso até o início dos anos 50.
Em 1953, a Comissão do IV Centenário de São Paulo torna-se responsável pela casa, promovendo sua restauração, realizada pelo arquiteto Luis Saia e nela instalando, a partir de 30 de outubro de 1955, um museu evocativo da época das bandeiras, com acervo próprio, a partir do recolhimento de móveis, utensílios e outros objetos históricos no interior de São Paulo, Minas Gerais e Vale do Paraíba. Acumulando simbolicamente ao longo dos anos identidades diversas, a Casa do Bandeirante está incluída, em caráter permanente, nos roteiros turístico-históricos da cidade, ícone de um passado histórico idealizado, espaço de crítica e contextualização de mitos e documento arquitetônico preservado.
Praça Monteiro Lobato, s/n – Butantã
Sítio Da Ressaca
A Casa do Sítio da Ressaca, como hoje é conhecida, foi sede de um sítio localizado nas proximidades do antigo caminho de Santo Amaro, que era banhado pelo córrego do Barreiro, também chamado Fagundes e Ressaca.
Situada à meia encosta de uma colina, a Casa data, provavelmente, de 1719, ano inscrito na verga de sua porta principal. Algumas de suas telhas são ainda originais e trazem inscrições do século 18, como a data de fabricação e o nome do oleiro. As portas e batentes, em canela preta, também são originais.
A técnica construtiva empregada neste imóvel foi a taipa de pilão, que consistia em socar o barro com a mão de pilão entre pranchas verticais de madeira (taipal), formando-se assim as paredes externas com cerca de 50 cm de espessura; as paredes internas eram originalmente de pau-a-pique. Introduzida pelos portugueses, essa técnica de origem árabe foi amplamente utilizada pelos paulistas que, devido ao seu isolamento geográfico, dependiam essencialmente do barro como recurso para construção.
A Casa do Sítio da Ressaca possui algumas peculiaridades em relação aos demais exemplares de casas bandeiristas existentes na cidade: a assimetria de sua planta, um único alpendre não centralizado na fachada principal e o telhado de duas águas.
Seu último proprietário, Antonio Cantarella, responsável pela urbanização do bairro do Jabaquara, transformou o sítio em chácara, realizando seu loteamento em 1969. Esta modificação coincidiu com a chegada do metrô à região e a desapropriação de mais de um terço da área para instalação do seu pátio de manobras.
Rua Nadra Raffoul Mokodsi, 3 – Jabaquara
Casa Modernista
A Casa Modernista da Rua Santa Cruz, de autoria do arquiteto ucraniano Gregori Warchavchik (1896–1972), projetada em 1927 e construída em 1928, é considerada a primeira obra de arquitetura moderna implantada no Brasil.
Projetada para abrigar a residência do arquiteto, recém-casado com Mina Klabin (1896-1969), filha de um grande industrial da elite paulistana, a casa gerou forte impacto nos círculos intelectuais e na opinião pública em geral, com a publicação de artigos em jornais dos mais diversos espectros políticos, favoráveis ou contrários à nova orientação estética proposta.
Além da edificação, mereceu destaque o jardim, projetado por Mina Klabin, devido ao uso pioneiro de espécies tropicais. Warchavchik relatou as inúmeras dificuldades técnicas que teve que enfrentar durante a construção de um edifício moderno no Brasil, como por exemplo a incipiente indústria da construção civil naqueles anos.
Alguns historiadores apontam contradições presentes na obra, que não correspondiam a preceitos do modernismo europeu, não aceitando totalmente a justificativa dada pelo arquiteto quanto à industrialização. No entanto, nota-se que se trata de uma obra pioneira, de transição, que expressa muitas das contradições da época.
Em 1935, a casa passou por uma reforma, quando o arquiteto procurou adequá-la para a família que crescia, ao mesmo tempo em que experimentava alterações na lógica da circulação e no arranjo dos ambientes.
Nos anos seguintes, pequenas alterações ocorreram, conforme mudavam as necessidades da família, mas, de modo geral, o conjunto manteve-se com as mesmas feições até os dias de hoje. A família residiu ali até meados dos anos 1970, quando vendeu a propriedade. Em 1983, uma construtora apresentou um projeto para implantar na área um condomínio residencial, combatido imediatamente pela população local, que criou a “Associação Pró-Parque Modernista”, mobilizando-se pela defesa da casa e de sua área verde.
Em 1984, a Casa Modernista recebeu tombamento patrimonial pelos órgãos das instâncias Federal (Iphan) Estadual (Condephaat) e Municipal (Conpresp).
Devido a diversos processos judiciários, o imóvel permaneceu sem atividades, resultando daí um rápido processo de deterioração. Em 2000 foram realizadas obras para a sua recuperação. Em 2008, a Prefeitura do Município de São Paulo passou a ser permissionária do imóvel, sendo a responsável por seu uso e manutenção.
Rua Santa Cruz, 325, Vila Mariana
Casa do Grito e Cripta Imperial
A Casa do Grito tem sido motivo de pesquisas sistemáticas sobre seu valor histórico como técnica construtiva, a fim de desvinculá-la do cenário da Proclamação da Independência ocorrida em 1822. Sua denominação deve-se à associação com o quadro de Pedro Américo, intitulado “Independência ou Morte”, onde é retratada uma casa com características semelhantes. No entanto, o documento mais antigo referente a esse imóvel é datado de 1844 e consta dos autos do inventário de Guilherme Antonio de Moraes.
Posteriormente, a pequena casa pertenceria a diferentes proprietários, até ser adquirida, em 1911, pela família Tavares de Oliveira, que permaneceu como moradora até a sua desapropriação pela municipalidade em 1936.
A casa ficou relegada ao abandono até 1955, quando uma campanha, realizada pela Sociedade Geográfica Brasileira e o jornal A Gazeta, atribuiu caráter histórico ao imóvel, a partir da constatação de sua técnica construtiva: a taipa de sopapo ou pau-a-pique. Lançaram, então, a ideia de recuperá-la para visitação pública. Certamente, esta ideia estava vinculada às comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo. As obras de restauro, incluindo uma janela falsa, tiveram a intenção de aproximá-la da casa representada na obra de Pedro Américo, no intuito de caracterizá-la com o cenário composto pelo artista.
Em 1958, por iniciativa da gestão municipal, o imóvel foi transformado em Museu do Tropeiro, abrigando um cenário característico dessa época, composto por móveis e alfaias adquiridos por meio de compra na região do Vale do Paraíba, ou pela doação de particulares e entidades diversas. O projeto tinha a intenção de compor um ambiente do que se imaginou ter sido um pouso de beira de estrada em princípios do século 19.
No final da década de 70, a crítica a essas concepções museológicas implicou na desmontagem do cenário. Os objetos passaram a integrar o acervo de bens móveis históricos, então sob responsabilidade do Departamento do Patrimônio Histórico (DPH).
Em 1981, a Casa do Grito foi objeto de pesquisas arqueológicas e passou por uma obra de restauro que procurou corrigir os excessos das intervenções anteriormente realizadas. Em 2007 passou por nova etapa de restauro e conservação, tendo sido reinaugurada em 7 de setembro de 2008. Este imóvel está incorporado ao Parque da Independência.
Também no Parque da Independência, está a Cripta Imperial, que guarda os restos mortais do Imperador Dom Pedro I, da sua primeira esposa, a Imperatriz Leopoldina e da segunda esposa, Dona Amélia de Leuchtenberg.
Fica localizada sob o Monumento à Independência, e as histórias de ambas as construções se encontram entrelaçadas, não sendo possível explicar uma sem trazer informações sobre a outra.
O Monumento à Independência foi criado em 1922 como parte das comemorações do centenário da emancipação política brasileira. Em 1917, o Governo do Estado de São Paulo organizou um concurso, aberto à participação de artistas brasileiros e estrangeiros que apresentaram projetos e maquetes. O conjunto de maquetes foi exposto no Palácio das Indústrias. O projeto vencedor foi o do artista italiano Ettore Ximenes (1855 – 1926), cuja aprovação não teve a unanimidade da comissão, que estranhou a ausência de elementos mais representativos do fato histórico brasileiro a ser perpetuado. O projeto de Ximenes foi então alterado, com a inclusão de episódios e personalidades vinculados ao processo da independência, tais como: a Inconfidência Mineira (1789), a Revolução Pernambucana (1817), e as figuras de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763 – 1838), Hipólito da Costa, Diogo Antonio Feijó e Joaquim Gonçalves Ledo, principais articuladores do movimento. O monumento, embora não concluído, foi inaugurado em 7 de setembro de 1922, ficando completamente pronto somente quatro anos depois.
Ao longo do tempo, o monumento sofreu vários acréscimos. Em 1953, começou a ser construída em seu interior a Cripta Imperial (ainda referida como capela), onde seriam depositados os despojos da Imperatriz Leopoldina, em 1954. Em 1972, consolidou-se a sua sacralização com a vinda dos despojos de D. Pedro I e, posteriormente, em 1984, dos restos mortais de Dona Amélia, segunda Imperatriz do Brasil.
Praça do Monumento, s/n – Ipiranga
No centro, mais quatro espaços do Museu da Cidade de São Paulo
Chácara Lane
O imóvel tombado em 2004 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – é remanescente de uma antiga chácara paulistana construída no final do século 19, sendo importante referência histórica para a memória dos assentamentos urbanos na cidade. Naquele final de século os moradores mais abastados possuíam, além da sua moradia no núcleo urbano central, chácaras localizadas em áreas próximas do centro da cidade ou nos seus arrabaldes para o lazer familiar.
Foi residência do Reverendo George W. Chamberlain e funcionou como sede da Escola Americana, que deu origem à Universidade Presbiteriana Mackenzie. Em 1906, o Dr. Lauriston Job Lane adquiriu da viúva do reverendo, Mary Amnesty Chamberlain, a chácara situada à rua da Consolação 1024, compreendendo casa de morada e benfeitorias. O Dr. Job Lane construiu nesse terreno um consultório projetado pelo arquiteto Jorge Krug.
A Chácara Lane, cujo endereço atual é a Rua da Consolação, entre as ruas Itambé e Piauí, contudo, permaneceu como chácara até os anos 1940, quando foi comprada pela prefeitura para abrir loteamento no local, que não foi executado, pois os técnicos da época concluíram que as ruas seriam muito estreitas e somente casas pequenas poderiam ser construídas.
Rua da Consolação, 1024 – Consolação
Beco do Pinto, Casa da Imagem e Solar da Marquesa
O Beco do Pinto, conhecido também como Beco do Colégio, era uma passagem utilizada na São Paulo colonial para o trânsito de pessoas e animais, ligando o largo da Sé à várzea do rio Tamanduateí.
Atualmente, juntamente com a Casa da Imagem e o Solar da Marquesa de Santos, constitui um significativo conjunto arquitetônico, histórico e cultural.
Seu nome relaciona-se ao sobrenome do proprietário da casa ao lado do logradouro, o Brigadeiro José Joaquim Pinto de Moraes Leme, e às suas desavenças com os vizinhos e a Municipalidade, por ter fechado o acesso ao Beco em 1821. Em 1826, a passagem foi reaberta e recebeu da Câmara o nome oficial de Beco do Colégio.
No ano de 1834, a Marquesa de Santos, ao comprar este imóvel de um dos herdeiros do Brigadeiro Pinto, conseguiu, da Câmara, o fechamento da passagem. Após a abertura da ladeira do Carmo em 1912, atual Av. Rangel Pestana, o Beco perdeu sua função e foi definitivamente desativado.
Vestígios de calçadas do século 18 em dolomita, tijolo e paralelepípedo, assim como fragmentos de louça, vidro, cerâmica, ossos e grafite e, também, material usado para autópsia como estiletes e facas pertencentes à delegacia de polícia que funcionou no local no início do século 20, foram coletados durantes as prospecções arqueológicas executadas pelo convênio de 1979, firmado entre a Prefeitura e o Museu Paulista.
As escadas, grades e portões foram executados de forma a implementar uma versão moderna, sem perder as características anteriores. Vitrines com vestígios dos antigos calçamentos foram montadas no local nas obras de restauro da década de 1990, quando passou a integrar o circuito cultural da cidade de São Paulo.
Casa da Imagem
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, desenvolve a estruturação da Casa da Imagem, instituição voltada à memória fotográfica da cidade de São Paulo.
A coleção de 84 mil fotografias passou por detalhada intervenção de conservação preventiva e foi guardada em reserva técnica especialmente projetada para sua tipologia, segundo padrão internacional. Cerca de 130 mil destas imagens foram digitalizadas e, com suas informações catalográficas, estão disponíveis no banco de dados, possibilitando o gerenciamento da coleção e o resgate de informações, operação que se completará com o acesso pela internet.
Antecedendo estas ações, a Casa nº 1, assim conhecida pela numeração que recebeu na época de sua construção, foi destinada a abrigar o projeto Casa da Imagem. Em 2009 iniciaram-se as obras de restauro, que incluíram a reparação integral da parte estrutural, adaptação para acessibilidade, rede de lógica e telefonia, instalação do reservatório para combate a incêndio e intervenções nas pinturas ornamentais internas.
Solar Da Marquesa De Santos
Partindo do Páteo do Colégio, os primeiros povoadores passaram a ocupar os terrenos vizinhos, construindo suas moradias e formando as primeiras ruas da cidade. Na Rua do Carmo, hoje Roberto Simonsen no 136, localiza-se o Solar da Marquesa de Santos, raro exemplar de residência urbana do século 18.
Não há dados precisos sobre a data de construção desse imóvel. Em 1802, foi dado como pagamento de dívidas ao Brigadeiro José Joaquim Pinto de Morais Leme, primeiro proprietário documentalmente comprovado. Contudo, documentos do século 18 indicam a existência de quatro casas na Rua do Carmo entre 1739 e 1754. A junção de duas dessas casas de taipa de pilão teria originado o Solar, conforme registros fotográficos do século 19, além de prospecções arqueológicas e análises arquitetônicas realizadas pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH).
A Marquesa de Santos, Domitila de Castro Canto e Melo (1797 – 1867), foi a proprietária entre 1834 e 1867, adquirindo o imóvel da herdeira do Brigadeiro Leme. A partir de então, tornaram-se famosas as festas ali realizadas, e o imóvel passou a ser conhecido como Palacete do Carmo, uma das residências mais aristocráticas de São Paulo. Com sua morte, a propriedade da casa passou para seu filho, o Comendador Felício Pinto de Mendonça e Castro. No ano de 1880, é colocada em hasta pública e arrematada pela Mitra Diocesana, que aí instalou o Palácio Episcopal, introduzindo modificações no local, como a construção de uma capela e de uma cripta sob o altar-mor. É desse momento, provavelmente, a inclusão de características neoclássicas em sua fachada principal.
Em 1909, o imóvel foi adquirido pela The São Paulo Gaz Company, que nele instalou o seu escritório. Para adaptar-se ao novo uso, a casa passou por diversas modificações e ampliações: foram demolidas paredes de taipa de pilão, janelas e portas, transformadas em vitrines. Para melhorar a iluminação e a ventilação, foi aberto um pátio na lateral direita do lote, alterando o desenho do telhado. Na década de 1930 foram construídos anexos à edificação original, aumentando sua área útil e alterando por completo a fachada posterior do imóvel. Em 1967, a Companhia Paulista de Gás (sucessora da The São Paulo Gaz Company) foi desapropriada e todos os seus imóveis passaram à Prefeitura. Em 1975, já incorporado ao patrimônio municipal, o Solar foi sede da Secretaria Municipal de Cultura e alguns de seus departamentos, como o Departamento do Patrimônio Histórico, criado nesse ano.
Os diferentes usos e adaptações sucessivas levaram à descaracterização do imóvel, exigindo sua recuperação, que teve início em 1991. As pesquisas, que embasaram o projeto e as obras de restauração, revelaram não ser possível reconstituir qualquer estágio de construção dentre os vários pelos quais passou o Solar. Deste modo, o restauro realizado, conforme normas internacionais para intervenções em bens histórico-arquitetônicos, procurou preservar e destacar elementos de suas várias etapas construtivas: a conservação dos amplos ambientes do andar térreo, resultantes das diversas demolições, a preservação no pátio interno de vestígios remanescentes da calçada do século 18 e a demolição de intervenções da década de 1960.
O pavimento superior conserva até hoje paredes de taipa de pilão e pau-a-pique do século 18 e mantém as características ambientais das intervenções do século 19, como forros apainelados, pinturas murais e artísticas e pisos assoalhados, entre outras. Trechos de diversas paredes foram deixados aparentes, com o intuito de informar sobre as antigas e as novas técnicas construtivas encontradas no Solar, como a taipa de pilão, o pau-a-pique, a taipa francesa e a alvenaria de tijolos. Quanto ao tratamento dado à fachada, optou-se por conservar sua feição neoclássica, já incorporada à paisagem do centro.
O Solar da Marquesa de Santos abriga atividades museológicas e a sede do Museu da Cidade de São Paulo.
Rua Roberto Simonsen, 136