Curiosas histórias de produtos
que você encontra na Casa da Boia
Diariamente a gente usa dezenas, talvez centenas de produtos, artefatos, máquinas e mecanismos que, simplesmente, não existiam. Foram criados pelo gênio humano. Desde os tempos remotos em que nosso primeiro ancestral lascou uma pedra, a criatividade de nossa espécie não parou de evoluir.
Inventamos soluções para tudo e que bom que assim é, pois a vida fica mais cômoda. Mais fácil.
Na Casa da Boia a gente comercializa milhares de itens em metais não ferrosos, em hidráulica e produtos diversos e nem nos damos conta de que por trás de um produto houve quem pensasse em desenvolvê-lo.
Chuveiros elétricos. Temos uma variedade deles. Já pensou como era a vida antes desta pequena invenção?
Quem desejava um banho quente nos finais do Século XIX, início do XX, tinha que recorrer a sistemas rudimentares, como aquecer a água com lenha, ou até aquele momento, muito caros, como sistemas de aquecimento a gás, praticamente inexistentes no Brasil.
O chuveiro, mais ou menos como conhecemos hoje, foi inventado pelo médico francês François Merry Delabost em 1872, para melhorar as condições de higiene nas prisões da França. A criação de Delabost, entretanto, partia do princípio que a água seria aquecida na origem do sistema e não no chuveiro em si.
A Europa e os Estados Unidos implementaram no início do Séc. XX grandes sistemas de distribuição de gás. No Brasil, isso não aconteceu e por muito tempo aquecer a água em sistemas a lenha era a realidade dos brasileiros.
Algumas tentativas de criar um chuveiro elétrico foram feitas, mas os primeiros modelos eram coisa para destemidos. Carcaças de metal, em contato com resistências mal isoladas e água corrente eram um convite para um banho eletrizante, literalmente. A comodidade vinha junto com o enorme risco dos choques elétricos.
Foi a partir da invenção criada por um brasileiro, da cidade de Jaú, SP, que o chuveiro se tornou algo mais seguro. Francisco Canhos Navarro aprimorou a tecnologia existente, e criou o primeiro chuveiro elétrico seguro e com registro de água, no final da década de 30.
A invenção de Canhos adotava um sistema de diafragma de borracha para isolar a resistência. Dessa forma, quando a água entrava no aparelho, o diafragma aproximava os contatos da resistência à rede elétrica, fechando o circuito e permitindo a passagem da corrente que a aquecia. Quando o registro era fechado, interrompendo o fluxo da água, o diafragma abaixava, interrompendo também a passagem da corrente elétrica.
Este sistema é a base dos chuveiros elétricos e eletrônicos até hoje.
Hidrômetro
A invenção do hidrômetro, este aparelho instalado em nossas casas, que serve para medir o consumo de água, é atribuída à filósofa, matemática, astrônoma e inventora Hipátia, uma mulher fascinante que viveu no Séc. VI, entre os anos 370 e 415.
Claro que este aparelho complexo e preciso só evoluiu junto com a evolução das técnicas de metalurgia e em São Paulo, a gente encontra a mais antiga fábrica de hidrômetros do Brasil, o LAO. É enorme a possibilidade de que a sua garagem tenha um destes na entrada.
Você pode até não saber, mas “LAO” significa “Liceu de Artes e Ofícios”, uma instituição paulistana fundada em 1873, com a nobre missão de formar profissionais técnicos em várias áreas do conhecimento, principalmente ligados à produção industrial, oferecendo ensino profissionalizante de alta qualidade.
O Liceu, que fica no bairro da Luz, é uma entidade privada sem fins lucrativos, e a renda principal da instituição para manter as suas atividades de ensino vem das vendas dos hidrômetros e medidores de gás que fabrica.
Quando você compra um destes materiais está também contribuindo para a formação de técnicos qualificados por uma das mais renomadas instituições de ensino do Brasil, que já teve grandes nomes da intelectualidade brasileira em sua direção.
O arquiteto Ramos de Azevedo, responsável por grandes obras marcantes na cidade de São Paulo, foi um de seus diretores, nos anos 1890.
Além do hidrômetro em sua casa, um giro pela cidade de São Paulo mostra a importância que esta instituição tem para a história e a arquitetura.
As oficinas do Liceu produziram grandes esculturas e uma infinidade de obras, principalmente, na forja de metais, que podem ser vistas pela cidade.
O monumento em homenagem à Duque de Caxias; as esquadrias de metal da estação Júlio Prestes (que engloba as instalações da Sala São Paulo); o Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera e o lustre monumental do hall de entrada do Theatro Municipal são apenas alguns exemplos de obras produzidas pelo Liceu.
Torneira
No tempo do apogeu do império Romano as mais ricas residências de Roma já possuíam água encanada e torneiras. A água era transportada pelos célebres aquedutos romanos e chegavam às casas pelo efeito da gravidade.
Nas torneiras da época havia um cilindro, com um orifício perpendicular ao seu eixo, que era encaixado nos canos. A água, então, passava ou não pelo orifício, conforme a posição do cilindro.
Este princípio da torneira de encaixe foi usado desde então até meados do Séc. XIX, quando a água passou a ser fornecida às casas com o auxílio de bombas a vapor, o que exigia a criação de outro outro tipo de mecanismo para suportar o aumento da pressão da água.
Foi assim que surgiu a torneira de rosca, inventada na Inglaterra em 1800 por Thomas Gryll. Seu mecanismo é basicamente idêntico ao das torneiras modernas: um parafuso que força um anel vedante contra uma superfície plana, interrompendo assim o fluxo da água.
Sifão
O princípio da sifonagem, que é a movimentação de líquidos por diferença de pressão, é conhecido da humanidade desde as primeiras civilizações. Gregos e, principalmente, romanos, usaram o conhecimento hidráulico para movimentar a água para as cidades utilizando os conceitos de sifonagem.
Mas, o sifão, como a gente conhece hoje, foi criado pelo escocês Alexander Cummings, em 1775.
Com o crescimento das cidades europeias e a crescente rede de esgotos um problema inerente ao adensamento da população em casas começou a incomodar (literalmente) as pessoas. Os sistemas de esgotos não impediam o retorno de odores dos dejetos humanos para as residências.
Cumming então patenteou um sistema de sifonamento invertido, um “S” que, colocado entre a válvula de escape das pias (o ralo) e a tubulação de esgoto, impedia o retorno do odor, livrando a população desta incômoda questão.
Já pensou como uma simples invenção contribuiu tanto para o crescimento das cidades e a verticalização dos edifícios? Afinal, quem é que aguentaria morar em um prédio de dez andares sem o sistema do sifão?
Finalmente, a Boia de Caixa D’água… essa que dá o nome à nossa empresa…
A gente acha que esta história merece ser contada em mais detalhes, né? Então, segura o alerta de spoiler e continue acompanhando a gente no blog que logo a falamos sobre ela.