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Dia Internacional das Mulheres e as

mulheres que fazem a Casa da Boia

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No dia 8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, uma data que teve origem há mais de 100 anos em razão não de uma comemoração, ao contrário, é fruto de uma luta contínua iniciada nos Estados Unidos ainda no Séc. XIX por mulheres operárias em busca de melhores condições de trabalho.

Os movimentos por melhores condições de trabalho, encabeçado pelas mulheres, começaram ainda no século dezenove, em Nova Iorque.

Voltando um pouco no tempo a outro dia 8 de março, mas de 1857, quando algumas trabalhadoras da indústria têxtil protestaram contra as condições insalubres de trabalho e a pouca remuneração. Este protesto foi duramente reprimido pela polícia, mas o movimento daquele dia resultou na semente da International Ladies’ Garment Workers’ Union (União internacional das Mulheres Trabalhadoras na Indústria do Vestuário).

Os movimentos pelos direitos das mulheres continuaram no período. Em 8 de março de 1908, mais de 15.000 mulheres marcharam pelas ruas de Nova Iorque mais uma vez protestando contra as condições insalubres do trabalho na indústria. Mais uma vez foram duramente reprimidas pela polícia.

A greve de 1909/1910 foi fundamental para a conquista de direitos trabalhistas ainda mínimos.

Mas, ainda assim, a ideia de se estabelecer um dia para lembrar essas lutas surgiria depois que o Partido Socialista da América organizou o Dia das Mulheres, em 20 de fevereiro de 1909, também em Nova York.

Aliás, 1909 marca um ano de intensas greves das mulheres, principalmente das trabalhadoras da “Triangle Shirtwaist Factory”. O movimento iniciado em setembro daquele ano se espalhara pelas indústrias de Nova Iorque e impulsionam a visibilidade sobre as questões trabalhistas.

O movimento grevista se estendeu até fevereiro de 1910, quando foi celebrado um acordo com os donos da Triangle Shirtwaist Factory.

Mulheres realizando piquetes durante a greve de 1909.

Muitas das reivindicações das trabalhadoras foram atendidas, incluindo melhores salários, menos horas de trabalho e igualdade de tratamento entre os trabalhadores que pertenciam ao movimento sindical e os que não estavam inseridos nele. 

Mas os donos da Triangle Shirtwaist Factory, Max Blanck and Isaac Harris, se recusaram a fazer um acordo com o sindicato e não abordaram as principais questões de segurança reivindicados pelos grevistas, dentre elas acabar com as portas trancadas da fábrica durante o expediente e a instalação de saídas de incêndio no local de trabalho.

Ironicamente estas reivindicações não atendidas seriam a principal causa de uma tragédia acontecida no ano seguinte.

As condições da fábrica eram as típicas da época: têxteis inflamáveis guardados em todo o local, fumar era frequente, a iluminação era a gás e não existiam extintores de incêndio. E, ao contrário do que o senso comum imagina ao falarmos de uma fábrica, ela não ficava em um galpão isolado, mas ocupava três andares de um edifício no centro de Nova Iorque.

Em 1911 a tragédia da Triangle Shirtwaist Factory.

Durante a tarde de 25 de Março de 1911, ocorreu um incêndio na área de produção. Os operários do décimo e oitavo andares foram notificados e a maioria salvou-se. 

No entanto, o alerta para o nono andar tardou a chegar. Este andar apenas dispunha de duas saídas, ambas fechadas para impedir que as funcionárias saíssem durante o período de trabalho. Uma escadaria já se encontrava cheia de fumaça e chamas quando os operários se deram conta de que o edifício estava a arder. 

A outra porta estava fechada, ostensivamente, para evitar que as operárias roubassem materiais ou fizessem pausas. A única saída de emergência depressa se arruinaria pelo peso das pessoas que tentavam escapar. O elevador parou.

Percebeno que estavam sem saída, e devido ao calor intenso, algumas trabalhadoras lançaram-se das janelas, a uma altura de nove andares. Outras forçaram as portas do elevador, lançando-se pelo fosso. Poucas sobreviveram a estas quedas. 

As restantes esperaram até que o fogo as consumisse. Os bombeiros chegaram rápido, embora não houvesse escadas disponíveis que dessem acesso além do sexto andar. Um único sobrevivente foi encontrado naquele andar. O total de mortos foi de 146, sendo que 84 pereceram no incêndio e 62 nas quedas.

Das vítimas, 129 eram mulheres.

O Dia das Mulheres passa a ser celebrado na Europa e a ONU estabelece a data definitiva
Delegações femininas durante a a primeira Conferência Mundial da Mulher, em 1975.

Em 1910, durante as conferências de mulheres da Internacional Socialista, em Copenhague, foi sugerido, por Clara Zetkin, professora, jornalista e política marxista alemã, que o Dia das Mulheres passasse a ser celebrado todos os anos, sem que, no entanto, fosse definida uma data específica. A partir de 1913, as mulheres russas passaram a celebrar a data com manifestações realizadas no último domingo de fevereiro. 

Em 8 de março de 1917, ainda na Rússia Imperial, organizou-se uma grande passeata de mulheres, em protesto contra a carestia, o desemprego e a deterioração geral das condições de vida no país. 

Operários metalúrgicos acabaram se juntando à manifestação, que se estendeu por dias e acabou por precipitar a Revolução de 1917.

Nos anos seguintes, o Dia das Mulheres passou a ser comemorado naquela mesma data  na Rússia e em países do bloco soviético.

1975 foi escolhido pela Organização das Nações Unidas como o Ano Internacional da Mulher.

Neste ano realizou-se a  primeira Conferência Mundial da Mulher sob o lema “Igualdade, Desenvolvimento e Paz”. 

A conferência teve a participação de 133 delegações, sendo 113 lideradas por mulheres. 

Durante a conferência a Onu estabeleceu a data de 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.

As mulheres na Casa da Boia

Grandes mulheres já passaram pela nossa empresa, a começar por Zékie Naccache, esposa do nosso fundador. Outras, atualmente, dispõem de seu talento, suas habilidades e dedicação à Casa da Boia.

Às mulheres da Casa da Boia, dedicamos a nossa postagem desta semana, desejando que a cada dia, com sua coragem e determinação, ajudem a construir um mundo mais justo e igualitário.

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