![capa-blog capa-blog](https://casadaboia.com.br/storage/2022/12/capa-blog.jpg)
Igreja de Santo Antônio, memória do Séc XVI
em pleno centro de São Paulo
![](https://casadaboia.com.br/storage/2023/06/igreja_santo_antonio_003.jpg)
Estamos no mês das festas juninas, comemorações fortemente ligadas às tradições da Igreja Católica. Tanto que três santos são celebrados durante este mês, São João, São Pedro e Santo Antônio. Aliás, este, considerado o “santo casamenteiro” deu origem ao dia dos namorados no Brasil, mas esta é uma outra história.
O que a gente quer mesmo falar neste post é que aqui, pertinho da Casa da Boia, escondida entre edifícios altos, quase despercebida, se encontra a mais antiga igreja remanescente da cidade, tendo sido fundada nas últimas décadas do século XVI – conforme atestam os primeiros registros documentais da sua existência, datados de 1592, justamente a Igreja de Santo Antônio.
Localizada no centro de São Paulo, na Praça do Patriarca, próximo ao Viaduto do Chá, a igreja abrigou a Ordem dos Franciscanos no Séc XVII e no século XVIII esteve subordinada à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos.
A edificação sofreu diversas reformas e intervenções ao longo dos últimos quatro séculos, sobretudo em sua fachada, reinaugurada em estilo eclético (o mesmo da Casa da Boia) em 1919, dez anos após a inauguração de nosso sobrado.
O interior da Igreja de Santo Antônio conserva importantes testemunhos da arte produzida em São Paulo no período colonial. Durante uma grande restauração realizada em 2005, descobriu-se no forro do altar-mor pinturas murais seiscentistas de alta qualidade técnica e artística, as mais antigas de que se tem notícia em São Paulo, e o altar principal, executado em 1780, é um belo exemplar da talha barroca.
A igreja é tombada pelo poder público estadual (Condephaat) desde 1970, em virtude de sua importância histórica, artística e arquitetônica.
![](https://casadaboia.com.br/storage/2023/06/igreja_santo_antonio_000.jpg)
A data exata da fundação da Igreja de Santo Antônio é incerta. A mais remota referência ao templo aparece no testamento de Afonso Sardinha, datado de novembro de 1592, em que o bandeirante lega a quantia de dois cruzados para a “ermida de Santo Antonio”, o que leva a supor que sua construção é anterior a essa data. Tratava-se então de uma pequena capela, erguida por fiéis anônimos, ao término da rua hoje conhecida como Direita.
Em 1638 a pequena igreja passa por sua primeira reforma. No ano seguinte, chegam a São Paulo os primeiros frades da Ordem dos Franciscanos, vindos do Rio de Janeiro, e instalam-se na ermida. Mesmo após a construção do convento da ordem, erguido no Largo São Francisco, em 1647, os franciscanos continuam a zelar pela capela e a mantê-la em funcionamento.
Em 1717, a capela passa por nova e grande reforma para ampliar suas instalações, empreendida pelo primeiro bispo de São Paulo, Dom Bernardo Rodrigues Nogueira, com a ajuda dos devotos. Em função do aumento do edifício, praticamente reconstruído, a ermida é elevada à categoria de igreja nesse mesmo ano.
Uma terceira reforma seria feita em 1747 e em 1774, é fundada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos, que assume a administração do templo e o transforma em sua sede.
Menos conhecida e muito menos influente no período colonial do que a Irmandade dos Homens Pretos, a confraria seria responsável por outras modificações que alterariam profundamente as feições da fachada da igreja.
Em 1891, um incêndio ocorrido em um edifício vizinho danificou e consumiu parte da igreja. No final da mesma década, em 1899, a prefeitura intimou a irmandade para proceder à demolição e reconstrução da torre e da fachada, devido às obras de alinhamento da rua Direita. As obras foram custeadas por Francisco Xavier Pais de Barros, o barão de Tatuí, e pelo conde de Prates, ambos residentes nas imediações do templo, ainda antes da construção do Viaduto do Chá. As obras se arrastaram por vários anos, e incluíram uma reforma geral da igreja, reinaugurada com nova fachada em estilo eclético, em 1919.
![](https://casadaboia.com.br/storage/2023/06/igreja_santo_antonio_002.jpg)
Apesar das inúmeras reformas e intervenções realizadas ao longo dos séculos terem descaracterizado a integridade artística e arquitetônica do templo, a Igreja de Santo Antônio foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) em 1970, em virtude, sobretudo, de sua importância histórica. Em 1991, um novo incêndio danificou os fundos do edifício.
A grande restauração
Em janeiro de 2005, com recursos providos pela Lei de Incentivo à Cultura, tiveram início as obras de restauro da Igreja de Santo Antônio, em que se procurou recuperar as feições barrocas de seu interior. Durante os trabalhos, executados sob a supervisão do Condephaat, foram retiradas as talhas executadas no século XX que encobriam os retábulos, e restauradas pinturas datadas do século XVII, com representação de anjos. O altar-mor, de 1780, também foi restaurado, voltando a exibir as matizes utilizadas no barroco paulista, em que predominam o vermelho, o amarelo e o dourado.
Prospecções realizadas no forro do altar-mor revelaram a existência de uma pintura seiscentista de boa qualidade técnica e artística, que resistiu aos incêndios de 1891 e 1991.
Este restauro ainda não foi efetivado, mas essas camadas de tintas que cobrem a pintura deverão ser retiradas, permitindo sua plena visualização. É provável que se trate do afresco mais antigo da cidade, sendo um raríssimo exemplar da pintura autônoma praticada em São Paulo durante o período colonial.
![](https://casadaboia.com.br/storage/2023/06/igreja_santo_antonio_004.jpg)