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O “Dia do Fico”

e o Solar da Marquesa

No processo de independência brasileira, nas primeiras décadas do Séc. XIX, inúmeros fatos foram tornando a situação do domínio do império português sobre o território brasileiro cada vez mais comprometido.

Logo no início do ano de 1822, mais precisamente, no dia 9 de janeiro, uma decisão pessoal do então imperador Dom Pedro, talvez tenha contribuído de forma incisiva para pavimentar o terreno da independência que aconteceria meses depois.

Este fato foi chamado “Dia do Fico”.

Retomando o fio da história, é preciso lembrar que o Brasil foi anexado ao império colonial português em 1.500. Mais de trezentos anos depois, Napoleão começa a expandir seu território, conquistando outros países europeus.

Em 1807 foi a vez de Portugal. Napoleão avança sobre o território português e a família real, para não ser presa, foge para a sua mais rica colônia, o nosso Brasil.

Desembarcam na Bahia, em 22 de janeiro de 1808. De lá estabelecem a corte no Rio de Janeiro e até o início dos anos de 1820 permanecem por aqui.

Acontece que a situação em Portugal começou a ficar instável para a monarquia no ano de 1820, quando eclode a chamada Revolução liberal do Porto um movimento de cunho liberal que visava instaurar um novo governo em portugal inicialmente gestada nas forças militares, eclode no dia 24 de Agosto de 1820.

O movimento iniciado pelos constitucionalistas liberais resultou na reunião das Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa (ou Assembleia Constituinte), que iria criar a primeira constituição para Portugal e seus domínios ultramarinos (inclusive o Brasil).  As Cortes exigiram o retorno do rei Dom João VI à Portugal.

O Imperador então retorna a Portugal em 26 de abril de 1821, deixando aqui no Brasil, o Príncipe Regente, Dom Pedro I.

Pois bem, era evidente que com a nova constituição a posição da monarquia ficava cada vez mais frágil, e o decorrer de 1821 evidenciava que as Cortes Gerais iriam colocá-la cada vez mais em uma posição figurativa, seja em Portugal, ou mesmo em suas colônias.

No fnal de 1821 as Cortes expediram ordens ao príncipe regente D. Pedro de Alcântara, inclusive com a exigência de seu retorno imediato a Portugal, nomeando uma junta governativa para o Brasil.

Os liberais aqui de nosso território, em resposta, organizaram uma mobilização para reunir assinaturas a favor da permanência do príncipe. Assim, pressionavam D. Pedro a ficar, juntando 8 mil assinaturas. 

Foi então que, contrariando as ordens emanadas por Portugal para seu retorno à Europa, e percebendo que a situação tendia para uma ruptura, declarou para o público, naquele 8 de janeiro de 1822:

“Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico.”

A história então culminaria com a ruptura geral do Príncipe Regente, no dia 7 de setembro de 2022, quando Dom Pedro declara a Independência do Brasil das Cortes Portuguesas.

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A Imperatriz Leopoldina, a mulher mais importante no processo de independência brasileira.

Claro que esse é um resumo muito pequeno de todos os acontecimentos, e o papel de uma pessoa muito influente sobre o Príncipe Regente quase não foi explorado: Leopoldine Caroline Josepha von Habsburg-Lothringen, ou Maria Leopoldina.

Leopoldina era a esposa de Dom Pedro I. Pessoa culta, inteligente e articulada politicamente, exercia forte influência sobre Dom Pedro I. Incentivadora do “fico” foi também determinante para o estopim da proclamação da independência. 

Em agosto de 1822, quando Pedro I sai em viagem para São Paulo, a fim de apaziguar os ânimos de mais um dos levantes contra a monarquia, deixa Leopoldina no Rio de Janeiro na condição de Regente.

Acompanhando a situação política cada vez mais insustentável e tendo informações de que Portugal agiria contra o Brasil, Leopoldina redige uma carta a Dom Pedro, que envia ao imperador junto com outra, de José Bonifácio relatando a situação.

Após a leitura da carta da regente, Dom Pedro toma a decisão de romper com Portugal.

Sucesso na política mas com pouca sorte no amor

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Não foia única, mas a mais intensa. A Marquesa de Santos, amante de Dom Pedro I.

Leopoldina foi uma mulher à frente de seu tempo, mas não conseguiu domar o ímpeto do marido. Na corte os casos extraconjugais de Dom Pedro não eram novidade para ninguém.

A mais célebre das amantes do imperador foi Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, que o Imperador conheceu no ano de 1822. Dom Pedro não exitou em, aos poucos, ir introduzindo a amante na corte, o que teria, inclusive, apressado a morte de Leopoldina, em 1825.

Próximo da Casa da Boia, o Solar da Marquesa.

A história da infidelidade de Dom Pedro não é nosso foco, mas sim o imóvel que ela ocupou durante um bom tempo aqui na cidade de São Paulo, perto da Casa da Boia.

Partindo do Páteo do Colégio, os primeiros povoadores passaram a ocupar os terrenos vizinhos, construindo suas moradias e formando as primeiras ruas da cidade. Na Rua do Carmo, hoje Roberto Simonsen no 136, localiza-se o Solar da Marquesa de Santos, raro exemplar de residência urbana do século 18.

A Marquesa de Santos, Domitila de Castro Canto e Melo (1797 – 1867), foi a proprietária do imóvel entre 1834 e 1867.

A partir de então, tornaram-se famosas as festas ali realizadas, e o imóvel passou a ser conhecido como Palacete do Carmo, uma das residências mais aristocráticas de São Paulo. 

Com sua morte, a propriedade passou para seu filho, posteriormente foi  arrematada pela Mitra Diocesana, que aí instalou o Palácio Episcopal. Depois, já em 1909 foi adquirido pela The São Paulo Gaz Company, que nele instalou o seu escritório. 

Na década de 1930 foram construídos anexos à edificação original, aumentando sua área útil e alterando por completo a fachada posterior do imóvel. 

Em 1967, a Companhia Paulista de Gás (sucessora da The São Paulo Gaz Company) foi desapropriada e todos os seus imóveis passaram à Prefeitura de São Paulo. 

Em 1975, já incorporado ao patrimônio municipal, o Solar foi sede da Secretaria Municipal de Cultura e alguns de seus departamentos, como o DPH, criado nesse ano.

Os diferentes usos e adaptações sucessivas levaram à descaracterização do imóvel, exigindo sua recuperação, que teve início em 1991. 

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Solar da Marquesa, próximo à Praça da Sé e à Casa da Boia.

O pavimento superior conserva até hoje paredes de taipa de pilão e pau-a-pique do século 18 e mantém as características ambientais das intervenções do século 19, como forros apainelados, pinturas murais e artísticas e pisos assoalhados, entre outras. 

Trechos de diversas paredes foram deixados aparentes, com o intuito de informar sobre as antigas e as novas técnicas construtivas encontradas no Solar, como a taipa de pilão, o pau-a-pique, a taipa francesa e a alvenaria de tijolos. 

Quanto ao tratamento dado à fachada, optou-se por conservar sua feição neoclássica, já incorporada à paisagem do centro.

O Solar da Marquesa de Santos abriga atividades museológicas e a sede do Museu da Cidade de São Paulo.

Ele está a menos de 500 metros da Casa da Boia, próximo à estação Sé do Metrô.

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Pertinho da Casa da Boia o Solar da Marquesa é um marco da história do Brasil.

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