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Ruas e avenidas paulistanas

que fazem referência à independência do Brasil

São Paulo é o marco da Independência do Brasil. Foi às margens plácidas do riacho do Ipiranga, que num brado heróico retumbante, o então príncipe regente, Dom Pedro I, declarou o rompimento com Portugal e formalizou um processo que já vinha em curso por meio da ação de várias pessoas que “conspiravam” para libertar o Brasil do domínio político administrativo de Portugal.

Decorridos mais de 200 anos da proclamação da independência, por todo o Brasil e, particularmente, em São Paulo, passamos por datas, personagens, locais, situações e conceitos ligados a este processo de independência ao caminhar ou transitar por avenidas, ruas e praças.

Alguns destes lugares são óbvios, como é o Museu do Ipiranga, (na verdade Museu Paulista), localizado às margens do Ipiranga. Outros nem tanto, como a rua Gonçalves Ledo, um dos articuladores da Independência do Brasil. Um dos responsáveis pelo Dia do Fico e pela convocação da Assembleia Constituinte de 1822.

A rua é um dos vários logradouros da capital que fazem referência a este processo e a gente te convida a dar um passeio por estes lugares paulistas ligados à nossa independência.

Vamos começar pelo bairro do Ipiranga, partido em nossa caminhada pelas proximidades do Museu.

Próximo ao monumento da independência, está a rua Gonçalves Ledo, um dos responsáveis pelo Dia do Fico e pela convocação da Assembleia Constituinte de 1822. Ledo chefiava, no Rio de Janeiro, a conspiração que visava tornar o Brasil independente de Portugal. Os liberais, comandados por Ledo, uniram-se ao Partido Brasileiro para buscar a independência, mas também a democratização da sociedade brasileira.

A rua Brigadeiro Jordão homenageia Manuel Rodrigues Jordão, o “Brigadeiro Jordão”. Ele foi um dos mais ricos proprietários na Capitania de São Paulo! Possuía enormes fazendas e largos estratos de terras.

Dom Pedro, nos dias em que permaneceu em São Paulo, naquelas históricas jornadas de setembro de 1822, inclusive no próprio dia 07 de setembro de 1822, alternou sua hospedagem entre as residências do Brigadeiro Jordão e de Antônio da Silva Prado (futuro Barão de Iguape).

Manuel Rodrigues Jordão participou, ao lado dos Liberais, das lutas pela independência do Brasil. Em 1821, foi membro do Governo Provisório de São Paulo e, em 1822, tesoureiro da Junta da Fazenda.

Ainda no bairro do Ipiranga a rua Lorde Cochrane homenageia o almirante escocês Thomas Cochrane por Dom Pedro 1º para enfrentar a resistência armada dos portugueses à independência do Brasil. A experiência do comandante foi decisiva, especialmente na Bahia.

O General Pedro Labatut, também é nome de rua no bairro do Ipiranga. Labatut reforçou as tropas brasileiras que sitiaram a capital baiana ocupada pelos portugueses. O general francês chegou ao Brasil em 1819, mas só em 3 de julho de 1822 no Rio de Janeiro, a convite do príncipe regente Dom Pedro, e pelo ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros, José Bonifácio de Andrada e Silva, foi contratado e admitido ao posto de brigadeiro, em razão da carência de oficiais no exército recém-organizado. No mesmo ano, em 8 de novembro, venceu as forças de Madeira, no importante combate de Pirajá.

A rua 2 de julho faz referência a um dos mais importantes fatos da independência brasileira.

Na madrugada de 2 de Julho de 1823, o exército Português deixou em definitivo a província da Bahia. 

Os baianos conhecem esta data como sendo a Independência do Brasil na Bahia, que celebra a vitória dos brasileiros na guerra travada na então província da Bahia, por mais de 17 meses (de fevereiro de 1822 a julho de 1823) contra as tropas portuguesas. 

Com a vitória do Exército e da Marinha do Brasil na Bahia, consolidou-se a separação política do Brasil de Portugal.

Já no caminho do centro de São Paulo, a Avenida Dom Pedro, obviamente, referência à figura emblemática da independência, o Príncipe Regente, que, à 7 de setembro de 1822, rompe relações com Portugal.

Vale mencionar, também, a Avenida Tiradentes, o primeiro “mártir” da independência brasileira, Joaquim José da Silva Xavier, um dos participantes da Inconfidência Mineira, movimento separatista orquestrado em Minas Gerais, no final do Séc. XVIII. 

Já na zona oeste de São Paulo, fica a Avenida Leopoldina, que, obviamente, se refere à Imperatriz Leopoldina, esposa de Dom Pedro I, considerada uma voz extremamente atuante e influente sobre o Imperador. Foi sob seus conselhos e os de José Bonifácio que o Príncipe Regente decidiu pelo rompimento com Portugal.

Terminando o nosso passeio pelas ruas que se referenciam à Independência do Brasil, a rua José Bonifácio, aqui bem perto da Casa da Boia, lembra um dos principais articuladores da independência, conselheiro de Dom Pedro e de sua esposa, Dna. Leopoldina.

No fim de agosto de 1822 chegaram ao Rio três navios de Lisboa, com notícias de que as Cortes tinham decidido reduzir o príncipe a simples delegado temporário, e apenas nas províncias onde exercia autoridade, com ministros vindos de Lisboa; haviam anulado a convocação do Conselho dos Procuradores das Províncias e mandariam processar todos quantos tivessem procedido contra sua política. O visado era José Bonifácio, tido como o maior responsável pelos acontecimentos. Este recebeu, ao mesmo tempo, carta de seu irmão Antônio Carlos, que estava em Lisboa. E escreveu a D. Pedro:

“O dado está lançado e de Portugal não temos a esperar senão escravidão e horrores. Venha V.A. quanto antes e decida-se, porque irresoluções e medidas d’água morna, à vista desse contrário que não nos poupa, para nada servem e um momento perdido é uma desgraça”.

Com sua carta seguiram cartas de D. Leopoldina, incitando o marido ao gesto, uma de Antônio Carlos, outra de Henry Chamberlain. O emissário, Paulo Emílio Bregaro, encontrou D. Pedro que voltava de Santos, leu os papéis, demonstrou sua grande indignação, e, ao encontrar a Guarda de Honra que o esperava nas margens do riacho Ipiranga, comunicou que as Cortes queriam “massacrar” o Brasil. Eram quatro e meia da tarde de 7 de setembro de 1822, e o príncipe, num verdadeiro brado, exclamou:

“É tempo! Independência ou morte! Estamos separados de Portugal”.

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