As iniciativas da Casa da Boia
no apoio às artes
No próximo dia 12 de agosto é comemorado no Brasil o Dia Nacional das Artes. A data foi escolhida em homenagem à fundação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro, em 1816. A escola foi a primeira instituição de ensino superior do país a oferecer cursos de artes e foi fundada pelo rei D. João VI.
Na definição do dicionário Houaiss, arte é a “produção consciente de obras, formas ou objetos, voltada para a concretização de um ideal de beleza e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana”.
Mas, convenhamos, assim como os grandes temas polêmicos, como o futebol, a política, os vinhos, se é bolacha ou biscoito, arte é muito mais do que qualquer definição achada em dicionários ou livros acadêmicos. Arte é expressão humana. Ponto!
E vamos passar longe das conceituações, para comentar aqui neste post um outro assunto, que é o das manifestações artísticas que a Casa da Boia já sediou, sedia e sediará.
Vamos voltar lá para o ano de 1998. Quando a Casa da Boia completou os seus 100 anos inaugurou a sua primeira mostra histórica. De fato, tratava-se de uma mostra documental, nada tinha ali de arte, mas a restauração de sua fachada e de duas salas do sobrado histórico, revelaram, aí sim, a arte dos anônimos mestres que deram vida, em concreto e argamassa à fachada ricamente adornada da Casa da Boia e aos pintores, responsáveis pela delicadas pinturas das paredes do imóvel.
O sucesso deste movimento inicial incentivou a diretoria da empresa, a partir de então, a incorporar a arte suas iniciativas culturais. A própria festa dos 100 anos da empresa trouxe para o edifício a primeira edição do “Jazz no Porão”, em que músicos profissionais e amadores, entre eles o próprio diretor da Casa da Boia, Mario Rizkallah, também baterias, se revezam em uma jam session trazendo um tom de sofisticada improvisação musical às comemorações dos aniversários da Cas da Boia.
Essas jam sessions no porão viraram tradição e são realizadas em todas as festas de aniversário da empresa desde então.
“Sacada Musical”
No ano de 2003 a Casa da Boia realizou uma iniciativa inédita na região, o 1º Festival de Pequenos Corais. Nos dias 4, 11 e 18, de dezembro daquele ano, aconteceram as apresentações dos grupos “Bocca”, “Canto Ma Non Presto” e “Coral Feminino da Catedral Evangélica de São Paulo”.
Os grupos ocupavam as sacadas do edifício de 1909, especialmente iluminado para o evento e o festival literalmente “parou” a rua Florêncio de Abreu.
Quando a gente diz literalmente, é porque a Companhia de Engenharia de Tráfego desviou o trânsito para evitar que automóveis passassem na rua durante a apresentação.
O evento foi um sucesso, mas o transtorno no trânsito da região em pleno mês de dezembro fez com que a prefeitura se recusasse a fechar a rua no ano seguinte. Aí, não fazia muito sentido ter apresentações musicais na sacada com o trânsito de veículos.
Mesmo assim, no ano seguinte, aconteceu o 2º Festival de Pequenos Corais, mas, desta vez, nas salas do Museu Rizkallah Jorge.
Nesta segunda edição, de 2004, se apresentaram os grupos Voz Moscada, Canto Ma Non Presto e Bocca.
O Festival de Pequenos Corais da Casa da Boia teve apenas duas edições, mas a qualidade musical dos grupos que se apresentaram marcaram aquele início de novo século.
Atualmente a música é foco das atividades da Casa da Boia, agora já sob o movimento Casa da Boia Cultural.
O projeto Boia Musical, coordenado pelo músico Rafael Abissamra, está promovento entretenimento e conhecimento de forma acessível por meio de apresentações musicais e workshops em três encontros presenciais na sede da Casa da Boia.
O primeiro, “Trajeto Histórico do Samba na Cidade de São Paulo”, foi realizado na tarde de 29 de junho.
No dia 17 de agosto acontece o encontro “Música Instrumental Brasileira”, com a apresentação dos grupos LAB (Rafael Abissamra, Renato Leite e Victor Barreto) e Trio Aroeira (Gustavo Portes, Rafael Abissamra e Victor Barreto). Ambos os grupos apresentarão obras autorais e promovem, dentro de uma estética moderna-jazzística, releituras de canções brasileiras.
Por fim, no dia 7 de dezembro, acontece o workshop “Cobre, Latão, Alumínio e Bronze nos instrumentos musicais”. Convidados especiais abordarão aspectos técnicos da construção de instrumentos musicais a partir dos metais não ferrosos.
Neste terceiro encontro, temos portanto a relação dos materiais comercializados pela Casa da Boia e sua utilização para a construção de instrumentos, equipamentos e acessórios musicais.
São Paulo há 50 anos
Também no ano de 2004 a Casa da Boia patrocina outra manifestação artística de grande valor para a memória de nossa cidade. A mostra “São Paulo Século XX”.
O evento aconteceu no mês de novembro na área de convivência da Estação São Bento do Metrô e foi uma exposição de fotografias da década de 1950 produzidas pelo fotógrafo Antonio Aguillar.
Aguillar trabalhou como fotojornalista na capital paulista na década de 50 e registrou para os principais jornais da cidade, como a Folha de São Paulo e, principalmente, para O Estado de São Paulo, os principais acontecimentos daquela década, inclusive a grande festa pelos 400 anos de fundação de São Paulo, que tomou conta do centro, no ano de 1954.
40 destes registros fotográficos foram expostos no Boulevard São Bento, na estação São Bento do Metrô, na exposição intitulada “São Paulo Século XX”, organizada e patrocinada pela Casa da Boia.
Gravura entra pela porta da frente
Em 2006, outra expressão da arte em que o Brasil tem nomes “gigantes”, a gravura em metal, foi tema do documentário “Expressões. A Arte Comentada de Roberto Grassmann”.
O documentário, patrocinado pela Casa da Boia, abordava a técnica da gravura em metal não exatamente pelo olhar do artista gravador, mas sim, do impressor.
Apenas explicando melhor. A gravura em metal é produzida pelo artista literalmente “gravando” uma chapa de cobre com instrumentos contundentes, afiados, cortantes, de forma que a superfície do cobre traduza a intenção artística do autor.
Mas, para que uma gravura “ganhe vida” é preciso que o trabalho gravado na matriz seja impresso em um papel. Neste ponto entra a figura do impressor.
Roberto Grassmann, irmão do artista Marcelo Grassmann foi um dos maiores impressores paulistas a quem um seleto grupo de artistas, dentre eles Rubens Matuck, Feres Khoury, Sergio Fingermann, Francisca Do Val, Maurício Parra, Zizi Baptista e o próprio Marcelo Grassmann, confiava suas matrizes para a produção de suas gravuras.
Ao comemorar seus 108 anos de atividades, a Casa da Boia realizou uma exposição com gravuras deste grupo de artistas nas dependências do Museu Rizkallah Jorge.
Sendo fornecedora de placas de cobre é natural que a Casa da Boia tenha contato com artistas de diversas matizes, inclusive os chamados artistas de rua, artesãos que criam delicadas correntes, colares, anéis, pulseiras e acessórios vendidos nas feiras de arte e nos parques da capital.
Mas a arte mais “acadêmica”, por assim dizer, voltaria à Casa da Boia, agora no porão, na exposição “Niculitcheff / Possebon – 2 Gravadores”, no ano de 2018.
Ao comemorar os seus 120 anos, a Casa da Boia Cultural abriu suas portas para a expressão de dois artistas contemporâneos, Ennio Possebon e Sérgio Niculitcheff.
Pela primeira vez o porão da loja centenária foi sede de uma exposição de gravuras, que, durante os três meses em que os trabalhos da dupla estiveram expostos, trouxe ao espaço mais de 1.000 pessoas.
Em setembro uma mostra imperdível
Neste ano em que a Casa da Boia completa 125 anos de atividades, a empresa mais uma vez apoia uma mostra de gravuras de grande relevância.
A partir de 14 de setembro e até 30 de novembro, a Casa da Boia Cultural, no mesmo espaço do porão, vai apresentar, pela primeira vez na capital paulista, uma coleção de obras pertencentes ao Gabinete de Estampas da Universidade de Campinas – Unicamp.
A exposição “Gravura em Foco – um recorte da coleção do Gabinete de Estampas da Unicamp”. tem curadoria de Sérgio Niculitcheff, e reunirá obras de 24 gravuristas, entre eles Alex Cerveny, André Berger, Claudio Mubarac, Lygia Eluf, Marcelo Grassmann, Marcelo Moscheta, Maria Bonomi, Mari Fiori, Mauricio Parra, Renina Katz e Rubens Matuck, entre outros.
A entrada é gratuita e o horário de visitação será de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h. Ao longo do período expositivo, serão realizadas mesas-redondas.