São Paulo, 467

Uma reflexão sobre construções, desconstruções e mútuas contribuições

Hoje a cidade que acolheu nosso fundador completa seus 467 anos.

Quando o Imigrante Sírio Rizkallah Jorge Tahan desembarcou na capital paulista, no ano de 1895, São Paulo comemorava seus 341 anos. Era uma cidade com 65.000 habitantes, segundo o censo de 1890.

O mapa da cidade de São Paulo de 1895 mostra uma cidade praticamente limitada pelos rios Tietê e Tamanduateí, ambos em seus cursos originais, e no outro vértice a região limítrofe da Avenida Paulista.

Hoje, somos quase 13 milhões de habitantes e a capital praticamente se confunde com as regiões metropolitanas em seu entorno. O Grande ABC de um lado, Guarulhos e região Mogiana de outro, Osasco, Taboão da Serra e adjacências no outro formam uma imensa mancha urbana que, ao longo de seus 467 anos acolheu imigrantes e migrantes de absolutamente todas as partes.

Temos o orgulho de ter participado de quase 123 anos desta história de construções e desconstruções. Sim, porque quantas “São Paulos” existem nesta grande metrópole?

Das construções seculares que se acham ainda pelo centro, aos moderníssimos edifícios da Faria Lima, uma legião de trabalhadores anônimos ergueram e derrubaram a cidade que não para.

Dos salões de nossa loja, que fará 123 anos no número 123 da Rua Florêncio de Abreu, as centenas de pessoas que igualmente fizeram parte da história de nossa empresa, viram as notícias de uma república recém-constituída. Acompanharam uma revolução por uma constituição, comentaram as notícias do suicídio de um presidente, se preocuparam com a ascensão de um estado ditatorial e viram o renascer democrático. A deposição de dois presidentes e a chegada de uma pandemia, aliás, por duas vezes. A da Gripe Espanhola e a do Coronavírus.

Em cada momento da vida desta cidade, de alguma forma, a Casa da Boia deu sua contribuição. No início, sob o comando de Rizkallah Jorge, foi realmente fundamental, pois foi a primeira a comercializar em grande escala os materiais hidráulicos que ajudaram a cidade então insalubre, a se tornar uma capital que passasse a contar com uma rede de esgotos, inclusive a boia de caixa d’água, que fez a fama da empresa.

Já sob a gestão dos filhos de seu fundador, a partir dos anos 50, a cidade que crescia a um ritmo impressionante encontrou na Casa da Boia a principal distribuidora de metais não ferrosos.

Quando os netos do fundador se tornam a terceira geração no negócio, o valor da Casa da Boia começa a ser medido por outra régua.

Principalmente pela ação do neto Mario Rizkallah, o sobrado histórico da Florêncio de Abreu começa a virar um ícone da arquitetura paulistana, principalmente após a sua restauração, no final dos anos 90.

De lá para cá Mario e Adriana Rizkallah, não apenas mantêm os valores fundamentais do “atendimento de antigamente” como tem transformado a Casa da Boia em uma importante fornecedora de outros itens.

A Casa da Boia assume o compromisso de retribuir à cidade que a acolheu, oferecendo à cidade a zeladoria de um patrimônio arquitetônico único, conservado, aliás, sem qualquer ajuda do poder público.

Fornecemos também história, com as visitas guiadas à nossa sede tombada; no museu instalado em nossa sede; por meio de artigos e vídeos publicados em nossas redes sociais.

Incentivamos a cultura, com apresentações artísticas abertas ao público, apoiando projetos, livros, vídeos e outras publicações e oferecemos a todos a experiência de compra em um dos poucos estabelecimentos preservados e em pleno funcionamento no centro da cidade.

Parabéns São Paulo. 

Obrigado São Paulo.